Após Superterça, todos miram republicano Donald Trump
Um candidato que lidera pesquisas com folga, empolga os eleitores e dá o tom da campanha desde o início deveria ser o sonho de qualquer partido, mas não é o que acontece com Donald Trump.
O empresário chegou à decisiva Superterça da corrida presidencial americana, quando 13 Estados votaram em prévias partidárias neste 1º de março (11 deles com resultados vinculantes), como o favorito na disputa pela candidatura republicana à Casa Branca e um pesadelo para a liderança do partido.
Descartado por caciques republicanos e analistas políticos como um mero show passageiro no início da disputa, Trump acumula dez vitórias nas prévias do partido realizadas até esta terça-feira (1º).
Agora a maioria dos comentaristas admite que impedir que ele se torne o candidato republicano será uma missão dificílima.
"Podem me incluir entre os especialistas que foram enganados pela sustentabilidade da candidatura dele", penitenciou-se o especialista em sondagens eleitorais John Zogby em conversa com jornalistas estrangeiros.
"Sabíamos que havia um raiva profunda [do eleitorado], a sensação de que o governo não funciona. O que não sabíamos é que isso se casaria com a cultura da celebridade em que vivemos."
REALITY SHOW
Famoso há pelo menos três décadas e com uma habilidade em atrair a mídia lapidada em 14 temporadas como apresentador do reality show "O Aprendiz", Trump mudou as regras do jogo eleitoral e espalhou uma sensação de pânico na cúpula republicana cuja mobilização para frear o bilionário veio tarde demais, segundo analistas.
Para Zogby, a essa altura a única forma de parar o empresário é jogar o peso dos grandes doadores do partido em torno de um só nome para se contrapor a ele.
É o que estão fazendo alguns dos chamados "Super PACs", os comitês de arrecadação de campanha.
O objetivo é concentrar a artilharia contra Trump com propaganda negativa em Estados grandes e importantes, sobretudo os que votarão em uma nova rodada decisiva de prévias no próximo dia 15, como Flórida e Ohio.
Em ambos os casos o prêmio é maior do que os desta terça, já que o vencedor leva os votos de todos os delegados (representantes partidários que escolherão o candidato na convenção do partido) em jogo, diferentemente do sistema proporcional de outros Estados.
"Nossas pesquisas mostram que está bastante acirrado em vários desses Estados em que o vencedor leva tudo e que, se houver propaganda efetiva, ele ficará em segundo", disse David McIntosh, presidente de um comitê de arrecadação de campanha de oposição a Trump.
Com um discurso que mistura xenofobia, narcisismo e propostas extremas, como a proibição de entrada de muçulmanos nos EUA, a ascensão do bilionário despertou a reação de um crescente bloco anti-Trump em seu partido, que o vê como um oportunista sem credenciais conservadoras e um extremismo que limita as chances de vencer a eleição em novembro.
O desânimo é tamanho que muitos já admitem votar nos democratas, como o especialista em política internacional Robert Kagan, que, em artigo no "Washington Post" acusou o Partido Republicano de ter criado Trump com suas políticas paralisantes e dos últimos anos.
Ele encerra o texto dizendo que, "para este ex-republicano e talvez outros, a única opção será votar em Hillary Clinton".
Favorita para ser a candidata democrata, Hillary já se mobiliza para enfrentar Trump. Segundo o jornal "The New York Times", a equipe da ex-chanceler já traça uma estratégia contra o empresário, na qual deve enfatizar o temperamento inadequado para exercer o cargo e seus ataques a minorias, como hispânicos e mulheres.
A preocupação é não cometer o mesmo erro dos republicanos, que menosprezaram a capacidade de Trump de atrair eleitores insatisfeitos com o status quo.
"Ele é formidável, entende a ansiedade dos eleitores e será brutal contra Hillary", disse o governador de Connecticut, Dannel Malloy.
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