Em protesto contra desmantelamento em Calais, migrantes costuram a boca
Nesta quinta (3), um grupo de imigrantes iranianos costurou a boca para protestar contra o desmantelamento do acampamento conhecido como "a selva", em Calais, na França, como fizeram na véspera vários de seus compatriotas.
Diante das câmeras da imprensa e da barraca de atendimento da ONG Médico Sem Fronteiras, na zona sul do acampamento, que está sendo evacuada, nove iranianos mostraram a boca costurada ou sendo costurada.
O grupo era formado apenas por homens, que exibiam cartazes com a inscrição "Vão nos ouvir agora?". Segundo autoridades locais, o número de pessoas vivendo na área sul do acampamento varia entre 800 e 1.000, mas grupos humanitários falam em 3.000, incluindo crianças desacompanhadas.
Todo o acampamento de Calais reúne de 3.700 a 7.000 imigrantes vindos principalmente da Síria, do Afeganistão e do Iraque. O objetivo da maioria deles é chegar ao Reino Unido, e muitos fazem isso subindo clandestinamente em caminhões que circulam entre os dois países pelo canal da Mancha.
No dia anterior, oito iranianos já haviam costurado suas bocas em protesto pela destruição das instalações. As autoridades francesas desmantelam desde segunda-feira "a selva", uma imensa favela montada no norte da França.
A prefeitura local reagiu com um comunicado, no qual afirma que "tais ações podem provocar uma profunda emoção", mas que é preciso ressaltar que "nada justifica atos extremos quando o Estado faz todo o possível para tirar os migrantes das condições indignas em que elas sobrevivem na zona sul do acampamento".
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