Moradores de Calais vão a Paris por mais incentivo à economia local
Centenas de moradores da cidade de Calais, no norte da França, viajaram nesta segunda-feira (7) a Paris para protestar contra o impacto negativo da crise migrante na economia local.
Dez ônibus, transportando cerca de 500 pessoas, a maioria dos quais trabalhadores de empresas locais, deixaram a cidade portuária francesa pela manhã para se encontrar com o ministro das Finanças, Michel Sapin, e representantes do presidente François Hollande no Palácio do Eliseu no final da tarde.
Os manifestantes afirmam que o grande número de migrantes no acampamento improvisado conhecido como "a selva" prejudicou muito as atividades das empresas locais.
Denis Charlet/AFP | ||
Migrantes carregam seus pertences durante a desocupação do acampamento em Calais, na França |
David Sagnard, um membro da delegação que viajou à capital francesa, disse que os manifestantes querem redução de impostos em seus negócios para impulsionar a atividade econômica e a geração de emprego.
A maioria dos migrantes que vivem na área tentam atravessar o canal da Mancha para chegar ao Reino Unido.
DESMONTE
Suspenso no fim de semana, o desmonte da parte sul do acampamento dos migrantes em Calais recomeçou na manhã desta segunda-feira, cercado de um grande aparato policial.
A desmontagem era observada por cerca de 70 migrantes e membros de organizações humanitárias, mantidos à distância por um cordão policial.
Algumas crianças tentaram entregar rosas brancas aos policiais, que permaneceram impassíveis.
Alguns manifestantes mostravam cartazes com a frase "Países europeus. Onde estão os direitos humanos?".
Os nove iranianos que costuraram suas bocas na semana passada para protestar contra a destruição de seus barracos uniram-se à manifestação e iniciaram uma greve de fome.
Desde 29 de fevereiro já foram desmantelados pouco mais de dois hectares dos 7,5 planejados, informaram autoridades francesas.
Alguns quilômetros a leste de Calais, em Grande-Synthe, o primeiro campo de refugiados na França que segue normas internacionais abrirá suas portas nesta segunda-feira.
François Lo Presti/AFP | ||
Alojamentos de madeira para receber migrantes em Grande-Synthe, perto de Calais, na França |
Nele, cerca de 200 casas de madeira poderão acomodar 1.050 pessoas que estavam até agora em um acampamento insalubre na mesma cidade.
Segundo as autoridades, entre 800 e 1.000 pessoas vivem no setor sul da "selva" de Calais, que está senda desmontada. Associações estimam esse número em 3450.
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