Hillary e Sanders prometem acabar com deportação de imigrantes ilegais
Wilfredo Lee/Associated Press | ||
Bernie Sanders e Hillary Clinton durante debate democrata realizado pelo canal em espanhol Univision |
Hillary Clinton e Bernie Sanders prometem parar com as deportações de imigrantes ilegais dos Estados Unidos. Os dois concorrentes na disputa pela candidatura presidencial do Partido Democrata se mostraram contrários à deportação de crianças com suas famílias, como ocorre no governo atual, de Barack Obama.
A promessa foi feita no debate entre os pré-candidatos realizado pelo canal em espanhol Univision, no qual naturalmente a questão da imigração foi uma das dominantes. O debate foi na Flórida, Estado com uma grande comunidade latina e onde na próxima terça os democratas disputam uma das prévias mais importantes da corrida presidencial.
O apresentador Jorge Ramos lembrou que cerca de 2,5 milhões de imigrantes ilegais foram deportados no governo Obama e questionou se Hillary fará o mesmo, já que ela se coloca na campanha como a defensora dos programas do presidente. "Não tenho a mesma política do governo atual", disse Hillary. "Eu não vou deportar crianças. Eu também não quero deportar membros de famílias".
Sanders se comprometeu a não deportar imigrantes ilegais sem ficha criminal e também a promover a reunião de famílias separadas pelas leis de imigração. "A ideia de uma mãe vivendo em um lado da fronteira e o filho em outro é errado e imoral", disse o senador.
A posição de Hillary e Sanders favorável à regularização dos estrangeiros contrasta fortemente com o discurso no Partido Republicano, onde os dois principais concorrentes, o empresário Donald Trump e o senador Ted Cruz, defendem a deportação de todos os cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais.
Mas Hillary e Sanders também tiveram momentos de discussão acalorada sobre o tema, com a ex-chanceler criticando o senador por não ter apoiado um projeto de lei em 2007 para facilitar a legalização de imigrantes. Sanders respondeu que rejeitou a proposta porque as condições para os trabalhadores temporários era "equivalente a escravidão".
O debate ocorreu sob o impacto das prévias partidárias realizadas na terça (8), quando Hillary perdeu para o senador Bernie Sanders no Michigan, Estado de peso para o partido. A boa notícia para a ex-chanceler foi ter chegado à metade dos 2.382 delegados partidários necessários para selar sua candidatura à Casa Branca. Mantida a performance, Hillary se consagraria no fim de abril.
No sistema americano, eleitores escolhem o candidato de cada partido em prévias estaduais, e os Estados enviam às convenções partidárias, em julho, delegados que votarão conforme a voz das urnas.
Após vencer no Mississippi e perder por pouco no Michigan, Hillary soma 1.221 votos na convenção, na conta do site Real Clear Politics. Sanders soma 571.
O resultado é produto do forte apoio que a democrata tem entre os superdelegados -figurões do partido que podem votar na convenção sem seguir as urnas. Dos 1.221 delegados que ela tem, 461 são "super" (Sanders tem apoio de 25 deles).
A derrota no Michigan surpreendeu analistas e a campanha de Hillary. Pesquisas apontavam vantagem superior a 20 pontos para ela. Sanders venceu por 49,8% contra 48,3%.
Para Sanders, porém, a vitória não garante a virada, ainda que preocupe a rival. Com os votos que tem, ele precisaria de 66% dos delegados ainda em jogo. Até agora, conseguiu 42% do que já foi disputado.
Já Hillary, que conquistou 58% dos delegados disputados, prevaleceria mesmo baixando sua marca para 42%. O apoio da comunidade latina, influente em vários dos próximos Estados a votar, pode ajudar.
No debate na Flórida, Hillary deu apoio à política de aproximação com Cuba do presidente Obama, chamou os irmãos Castro de "autoritários" e disse esperar que o país caminhe para a democracia.
Já Sanders, que se autodefine como "socialista democrático", condenou a política intervencionista americana, criticou Hillary por apoiar mudanças de regimes e enumerou uma série de erros cometidos pelos EUA na América Latina durante a Guerra Fria, como a tentativa de invadir Cuba, em 1961.
"Ao longo da história de nossa relação com a América Latina nós operamos sob a chamada Doutrina Monroe, e isso dizia que os Estados Unidos tinham o direito de fazer o que bem entendessem na América Latina", disse Sanders.
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