UE chega a consenso sobre plano turco para conter fluxo de migrantes
Os líderes da União Europeia chegaram a um consenso na noite desta quinta-feira (17) sobre as propostas da Turquia para conter o fluxo de refugiados no continente.
A posição do bloco deve ser apresentada ao premiê turco, Ahmet Davutoglu, na manhã desta sexta-feira (18), no segundo dia da cúpula do bloco sobre o tema, em Bruxelas (Bélgica).
Os europeus concordam com o principal ponto apresentado por Ancara na reunião anterior, no dia 7 de março: os turcos se dispõem a levar de volta para seu território migrantes e refugiados que tenham chegado a ilhas gregas em travessias ilegais. Em contrapartida, a cada sírio recolhido nessas operações, a UE se compromete a reassentar em um de seus países-membros outro sírio que esteja legalmente vivendo em acampamentos na Turquia.
Xinhua/The European Union | ||
Da esq. para a dir., Jean-Claude Juncker, Ahmet Davutoglu, Donald Tusk e Mark Rutte, em Bruxelas |
Segundo a imprensa alemã, que teve acesso a trechos do rascunho do acordo costurado na quinta, a troca de migrantes sírios já valeria a partir deste domingo (20).
A UE tenta fixar um limite para acolher os reassentados; no rascunho, está o teto de 72 mil, mas a Grécia é contrária à fixação de uma medida desse tipo antes que se consiga desmontar as quadrilhas que fazem as viagens pelo mar Egeu levando os refugiados.
O objetivo maior da UE é fechar a chamada "rota balcânica", principal via de entrada dos refugiados que vêm da Turquia rumo à Europa central. Por esse caminho passaram cerca de 1 milhão de pessoas em 2015.
€ 6 BILHÕES
O rascunho da declaração final diz que a UE está disposta a aceitar a reivindicação da Turquia de dobrar para € 6 bilhões (R$ 24,5 bilhões) a ajuda do bloco para Ancara recolher os migrantes e refugiados e abrigá-los em seu território.
Em novembro, a UE já havia acertado com a Turquia € 3 bilhões (R$ 12,25 bilhões) para esse fim ao longo de 2016 e 2017. Mas, de acordo com o texto a ser aprovado, a segunda metade só seria liberada durante 2018, quando a primeira parte já houver sido utilizada integralmente e se os "resultados desejados" tiverem sido alcançados.
A proposta deve sofrer resistência do governo turco, que pretende controlar o dinheiro de maneira independente.
PREMIÊ TURCO
Nesta sexta, uma troica formada por Donald Tusk (presidente do Conselho Europeu), Jean-Claude Juncker (presidente da Comissão Europeia, braço executivo da UE) e o premiê holandês, Mark Rutte, se encontra com Davutoglu para tentar finalizar o acordo.
O provável pacto com a Turquia tem sido alvo de críticas da ONU e de entidades de defesa dos direitos humanos, que apontam violações às convenções de proteção a refugiados.
John Thys/AFP | ||
Em Bruxelas, curdos protestam contra o premiê da Turquia e contra ações do país no Curdistão |
Dentro da própria UE há resistência sobre negociar com o governo turco, que internamente tem promovido forte repressão à liberdade de expressão, com prisão de jornalistas e tomada de controle de veículos ligados à oposição, como o diário "Zaman".
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