Bélgica identifica dois irmãos responsáveis por ataques em Bruxelas
O procurador-geral da Bélgica, Frédéric Van Leeuw, afirmou nesta quarta-feira (23) que dois dos suicidas que participaram dos ataques em Bruxelas, na terça-feira (22), eram os irmãos belgas Ibrahim e Khalid el-Bakraoui.
Ambos eram suspeitos de vínculo com a facção terrorista Estado Islâmico e tiveram envolvimento, ainda que indireto, na série de atentados em Paris, em novembro passado, o que comprova a hipótese inicial de conexão entre as duas ações terroristas.
AFP | ||
Imagem de câmera de segurança do aeroporto de Bruxelas mostra suspeitos de ataque desta terça |
Ibrahim, 29, foi um dos homens-bomba que se explodiram no aeroporto internacional de Zaventem. Ele foi identificado pela digitais.
Na imagem das câmeras de segurança, ele é o que aparece no meio. Já seu irmão Khalid, 27, se explodiu em um vagão de metrô na estação Maelbeek, cerca de uma hora depois. Não é o primeiro caso de irmãos terroristas: o mesmo havia ocorrido em Boston (2013) e Paris (2015).
Os ataques, reivindicados pelo EI, deixaram ao menos 31 mortos e 300 feridos.
Milhares de pessoas se reuniram na praça da Bolsa, centro de Bruxelas, para homenagear as vítimas com vigília, velas e pedidos de paz. Órgãos públicos, escolas e moradores em suas casas fizeram um minuto de silêncio.
A polícia ainda não identificou oficialmente o segundo homem que detonou explosivos no aeroporto e que aparece à esquerda de Ibrahim, mas participantes da investigação afirmaram à agência Associated Press que ele seria Najim Laachraoui, 24.
Isso reforça o elo entre Paris e Bruxelas, pois o DNA de Laachraoui foi achado em dois coletes de explosivos usados nos ataques na França. Também foi encontrado material genético dele em um dos apartamentos usados como esconderijo por Salah Abdeslam, 26, um dos organizadores dos ataques em Paris e preso numa operação em Bruxelas sexta-feira (18).
Uma das linhas de investigação é a de que as ações de terça (22) respondiam à prisão de Abdeslam.
Ainda sobre a conexão com Paris, Khalid el-Bakraoui teria alugado, com um falso nome, o apartamento em que a polícia belga matou Mohammed Belkaid, outro cúmplice de Abdeslam.
Khalid também é apontado como o locatário de uma casa na cidade belga de Charleroi que teria sido usada pela célula de Paris como preparação para os ataques.
Se o nome de Laachraoui for confirmado, só faltará saber quem é o suspeito de jaqueta clara que aparece à direita de Ibrahim el-Bakraoui nas imagens do aeroporto. A bomba que ele estaria levando na mala falhou, e o homem foi visto correndo pelo terminal após as explosões.
EXPLOSIVOS
O procurador Van Leeuw disse ainda que um motorista de táxi procurou a polícia, dizendo ter buscado três homens em um endereço no bairro de Schaerbeek e os levado até o aeroporto.
Nesse endereço, a polícia encontrou 15 quilos do explosivo TATP, mesmo tipo usado nos ataques em Paris, e outros materiais para bombas: 150 litros de acetona, 30 de água oxigenada, um detonador e uma mala com pregos.
Segundo especialistas, o arsenal seria suficiente para ao menos mais dez bombas como as de Zaventem.
Numa lixeira próxima do local, as autoridades encontraram também um notebook com uma carta de Ibrahim, na qual o radical afirmava suspeitar que a polícia o procurasse e que ele não queria terminar numa cela.
Nesta quarta, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que a Bélgica ignorou avisos de Ancara de que um dos terroristas de Bruxelas era um potencial militante do EI (leia abaixo).
O governo da Bélgica pediu à UE que realize um encontro de ministros para discutir um plano de reação aos ataques, que pode ocorrer já na manhã desta quinta (24).
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