Terrorista preso revela que Eurocopa seria alvo de atentados, diz jornal
Um dos envolvidos nos ataques a Bruxelas de 22 de março e preso na sexta-feira (8), o belga de origem marroquina Mohammed Abrini, 31, disse aos investigadores da Bélgica que a célula terrorista pretendia fazer atentados durante a Eurocopa (torneio de futebol das seleções europeias), que ocorrerá em dez cidades da França entre 10 de junho e 10 de julho. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (11) pelo jornal francês "Libération".
Um oficial que participa das investigações disse ao "Libération" que, se confirmado o depoimento de Abrini, não há surpresa por parte da polícia francesa sobre a Euro ser um possível alvo. "As forças de segurança já examinam possíveis locais de ataques para saber como reagir à ameaça", afirmou.
O governo da França anunciou que vai reforçar o esquema de segurança para as "fun zones", como são chamados os espaços ao ar livre em que milhares de torcedores se concentram para assistir aos jogos em telões. O perímetro dessas zonas será fechado por policiais e haverá revista rigorosa para quem levar bolsas e sacolas – em Lyon, por exemplo, a prefeitura decidiu proibir esses artigos.
A maior "fun zone" ficará em Paris, ao lado da Torre Eiffel, onde se espera a presença de 100 mil torcedores. O jogo de abertura e a final da Euro serão no Stade de France, em Saint-Denis, justamente um dos alvos da série de ataques de 13 de novembro passado, com 130 mortos. Três homens-bomba detonaram seus explosivos no entorno do estádio, matando uma pessoa que estava próxima a um deles.
No domingo (10), a Procuradoria Federal da Bélgica já havia dito que os terroristas de Bruxelas queriam atacar Paris pela segunda vez, e não a capital belga. Mas, segundo os procuradores, os possíveis alvos eram o distrito parisiense de La Défense, centro financeiro da capital francesa, e a sede de uma associação católica.
As autoridades belgas afirmaram no sábado (9) que Abrini confessou ser o "homem de chapéu", flagrado pelas câmeras de segurança do aeroporto de Bruxelas ao lado dos dois terroristas que se explodiram no terminal. Abrini fugiu depois da ação e, a pé, percorreu cerca de 10 km até o centro de Bruxelas.
Abrini tinha contra si uma ordem de prisão desde 24 de novembro. Ele era o segundo homem mais procurado após os atentados de novembro.
Os investigadores suspeitam que Abrini tenha viajado de carro de Bruxelas a Paris duas vezes, em 10 e 11 de novembro, com Salah Abdeslam, sobrevivente dos grupos que atacaram a capital francesa, e seu irmão Brahim, um dos homens-bomba de Paris. Abdeslam foi preso em 18 de março. Preocupada com uma possível cooperação dele com a polícia belga, a célula terrorista mudou de plano e organizou os atentados em Bruxelas quatro dias depois.
Abrini foi flagrado pela câmera de um posto de gasolina no norte da França durante o percurso de carro até Paris. Segundo a Procuradoria belga, Abdeslam, Abrini e Brahim alugaram os esconderijos usados pelos terroristas para cometer as ações na capital francesa.
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