Merkel está do lado certo da história dos refugiados, afirma Obama
O presidente dos EUA, Barack Obama, elogiou neste domingo (24) a chanceler alemã, Angela Merkel, pelo manejo da crise de refugiados na Europa.
Os dois se encontraram durante visita do líder americano à Alemanha para defender o tratado de livre comércio entre os EUA e a União Europeia (UE). A visita ao continente é uma das mais importantes de Obama antes de deixar o cargo, em janeiro de 2017.
Para Obama, Merkel "está do lado certo da história" ao dar o acolhimento aos estrangeiros, principalmente os sírios. "Merkel dá voz aos princípios que unem as pessoas, e não aos que as dividem."
Ele diz sentir orgulho por Merkel ter adotado políticas mais brandas para expressar preocupações humanitárias. O acolhimento de refugiados em território alemão é criticado pela oposição à chanceler e levou a protestos de grupos de extrema direita.
Ainda na questão dos refugiados, Merkel também é alvo de críticas por ceder demais à Turquia em prol do acordo para conter a chegada de mais estrangeiros.
Dentre as questões mais polêmicas, está a autorização para um processo contra um comediante que fez um poema satírico ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Apesar de ter apoiado os esforços de Merkel para conter a crise, Obama disse não apoiar a criação de zonas seguras dentro do território sírio para abrigar pessoas que fogem da guerra civil no país.
"Na prática, infelizmente, é bem difícil ver como isso funcionaria sem que estejamos dispostos a dominar militarmente uma parte daquele país. E isso requer também um grande comprometimento militar para proteger os refugiados de ataques", afirmou.
No sábado (23), a alemã havia defendido a proposta ao visitar o campo de refugiados de Gaziantep, na Turquia.
A crise de refugiados deverá ser um dos principais temas de uma reunião de Obama com Merkel, o presidente da França, François Hollande, e os premiês britânico, David Cameron, e italiano, Matteo Renzi, na tarde desta segunda-feira (24). A previsão é de que os cinco líderes discutam o reforço da operação militar conjunta da UE no mar Mediterrâneo para poder conter o fluxo de refugiados na rota entre a Líbia e a Itália.
Está previsto que, na reunião, Obama faça um discurso sobre os desafios europeus e reitere sua defesa do tratado de livre comércio entre a UE e EUA. O acordo é criticado nos dois lados do Atlântico por beneficiar mais empresas multinacionais que produtores locais.
No sábado (23), cerca de 30 mil protestaram contra o tratado em Hannover. Sobre os protestos, ele disse que as imagens de fábricas saindo de países europeus "despertam muita desconfiança", mas que os efeitos dos tratados são positivos.
ESTABILIDADE
A reunião e a visita à Europa são encaradas por Obama como uma tentativa de estabilizar a UE, o principal aliado dos EUA. O primeiro passo foi dado na sexta (22), quando foi a Londres para defender a continuidade do Reino Unido na UE, a dois meses da consulta sobre a permanência dos britânicos no bloco.
Os esforços, porém, podem ser em vão dependendo de quem for o eleito para ocupar a Casa Branca e das mudanças políticas na Europa.
Tanto a democrata Hillary Clinton quando os candidatos republicanos têm se colocado contra o acordo de livre comércio com a UE. No caso dos republicanos, também há a retórica contra os refugiados.
Em 2017, haverá também eleições gerais na França e na Alemanha, e Hollande e Merkel enfrentam a baixa popularidade e a ascensão de uma extrema direita contrária aos acordos de livre comércio e aos refugiados.
Todos esses fatores devem dificultar o apoio e o comprometimento dos dirigentes europeus com as propostas do presidente americano.
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