Oposição venezuelana apresenta 1,85 milhão de assinaturas para referendo
A oposição venezuelana entregou nesta segunda-feira (2) ao Conselho Nacional Eleitoral 1,85 milhão de assinaturas para a primeira etapa do referendo para tentar revogar neste ano o mandato do presidente Nicolás Maduro, que termina em 2019.
O número é mais de nove vezes o exigido pelo órgão eleitoral –1% do eleitorado ou 195.721 votos– e foi apresentado seis dias após iniciar o prazo de coleta, de 30 dias.
Federico Parra/AFP | ||
Membros do Conselho Eleitoral da Venezuela falam sobre referendo revogatório em Caracas |
A marca foi comemorada pelo secretário-geral da coalizão Mesa de Unidade Democrática, Jesús Torrealba, em sua página no Twitter.
"Hoje nós ganhamos tempo em relação ao oficialismo. Com esta estratégia de sucesso a Unidade avança em conseguir a mudança política por meios impecavelmente pacíficos e constitucionais".
A oposição confiava que, antecipando a coleta das assinaturas, poderia acelerar o processo do referendo. Porém, a diretora do CNE Tania D'Amelio disse que a análise das firmas começará quando encerrado o prazo previsto para a coleta, em 26 de maio.
Em resposta, o ex-presidenciável Henrique Capriles afirmou que a oposição não aceitará a espera. "Não vamos aceitar que o CNE coloque obstáculos à via constitucional. Nós venezuelanos queremos solucionar a crise."
Oficialmente, o órgão eleitoral teria cinco dias após a entrega das assinaturas para analisá-las e mais cinco para convocar os signatários para confirmarem as assinaturas.
Além do prazo do CNE, os adversários de Maduro enfrentarão outra barreira que deve atrasar mais o processo. As firmas passarão também pela revisão de uma comissão de políticos chavistas. O grupo foi indicado na sexta-feira (29) pelo presidente.
Nesta terça, o ex-presidente da Assembleia Nacional Diosdado Cabello defendeu a revisão pelo risco de que a oposição apresente assinaturas falsas. "O governo está em seu total e completo direito porque essa direita cometeu infinitas fraudes."
A oposição teme que, com a revisão chavista, seja criada uma lista negra de eleitores, assim como foi feito em 2004, no referendo que tentou revogar o mandato do então presidente Hugo Chávez.
Sobre o assunto, o líder governista na Assembleia Nacional, Héctor Rodríguez, disse que as assinaturas para o referendo não são como o voto para justificar a auditoria.
"A manifestação de vontade é um ato público. Por que é necessário que seja um ato público? Porque pode ter gente que aparece assinando, mas não assinou, como aconteceu em 2004", argumentou.
PAPA
A entrega das assinaturas aconteceu dois dias depois de o Vaticano anunciar que o papa Francisco enviou uma carta a Nicolás Maduro sobre a situação na Venezuela.
O conteúdo da correspondência não foi divulgado, mas o pontífice tem se oferecido para mediar a crise política no país desde os protestos contra o presidente que deixaram 43 mortos em 2014.
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