Trump e Hillary procuram candidatos a vice-presidente complementares
Com índices de rejeição recorde e batalhas pendentes dentro de seus partidos, o republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton já prospectam os vices para suas chapas à Casa Branca.
A ideia, nos dois casos, é escolher alguém que amplie o apelo ao eleitorado.
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Os candidatos republicano Donald Trump e democrata Hillary Clinton começam a busca pelo vice |
Robert Shapiro, professor da Universidade Columbia, aponta duas possibilidades para Trump: "Uma mulher forte e inteligente pode ser útil, ou alguém experiente e 'infiltrado' [na legenda]".
O empresário é rejeitado por 7 de 10 mulheres, segundo pesquisas, e seus atritos com a cúpula republicana não são segredo. Nomes como a linha-dura Jan Brewer (ex-governadora do Arizona) e Newt Gingrich (ex-presidente da Câmara) já foram elogiados por Trump, que diz ter uma lista com sete nomes´.
Os governadores Chris Christie (Nova Jersey) e Mary Fallin (Oklahoma), com credenciais mais conservadoras que o empresário, também.
Ele não poderá ser muito seletivo. Interlocutores de três ex-rivais nas prévias republicanas reagiram mal à ideia de compor a chapa, segundo o "New York Times".
"Sem chance", disse um porta-voz do governador de Ohio, John Kasich. "Scott Walker tem uma reação negativa visceral a Trump", respondeu um conselheiro do governador de Wisconsin. "Hahahaha", escreveu um assessor do ex-governador da Flórida Jeb Bush.
OLHANDO À ESQUERDA
Ao contrário do rival, agora pré-candidato único de sua legenda, a ex-chanceler ainda lida com Bernie Sanders.
Sem chance de superá-la em número de delegados (os membros do partido que votam na convenção, atribuídos segundo as prévias), ele a enfraquece ao continuar vencendo primárias como a de Virgínia Ocidental, dia 10.
"Hillary precisa atrair simpatizantes de Sanders, o que faz Elizabeth Warren [senadora por Massachusetts] e mesmo Sanders terem apelo como vices", afirma Shapiro.
São duas figuras à esquerda, com apelo aos jovens e críticas a Wall Street, o que rende pontos. Hillary é cobrada por não divulgar transcrições de três palestras, a US$ 225 mil cada, que deu para o banco Goldman Sachs (ela disse que não sabia que seria candidata quando aceitou).
Warren afirmou que por ora não está "interessada em outro emprego", e o senador de Vermont promete ir até o fim das prévias democratas.
Lideranças jovens e latinas, como Tom Perez (Trabalho) e Julian Castro (Habitação) — dois dos secretários da gestão Obama— também são vistas como bom encaixe.
Dois fatores pesam mais na escolha do vice: 1) ter força num dos 11 Estados-pêndulo (como a Flórida), sem preferência partidária concreta; 2) preencher lacunas de currículo ou personalidade.
Em 2008, o veterano Joe Biden equilibrou a chapa de Obama, tido como jovem (47 anos) e inexperiente em política externa frente ao republicano John McCain, veterano de guerra com larga experiência no tema no Senado.
McCain, por sua vez, escolheu a jovem governadora Sarah Palin (Alasca), então estrela do movimento ultraconservador Tea Party (McCain é um moderado) e "vice que melhor poderia ajudar a sacudir Washington" (ele está há décadas no Senado).
Trump tem uma segunda preocupação: verba.
Nas prévias, ele injetou seus milhões na campanha. Mas a próxima etapa é cara —US$ 1,5 bilhão (33% de sua fortuna estimada pela "Forbes"). Alguém com trânsito em Washington, como Gingrich, pode atrair doações.
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