Contrariado por reportagem, Trump veta credenciais do 'Washington Post'
O republicano Donald Trump disse nesta segunda-feira (13) que não emitirá credenciais de imprensa para o jornal "The Washington Post", impedindo a publicação de obter acesso à área de imprensa em seus eventos na campanha à Presidência dos EUA.
"Eles não têm integridade jornalística e escrevem erroneamente sobre o senhor Trump", disse a assessoria de campanha em comunicado anunciando a decisão. "O senhor Trump não se importa com uma matéria desfavorável, mas ela deve ser honesta."
A campanha de Trump repetiu as críticas que o candidato fez sobre o proprietário do jornal, Jeff Bezos, que também possui a varejista online Amazon.com.
Não é comum que uma campanha presidencial se recuse a emitir credenciais para organizações de imprensa. As credenciais são necessárias para que repórteres, fotógrafos e outros membros da equipe tenham acesso à área de imprensa, a viagens com a campanha e à presença em eventos exclusivos para a imprensa, como entrevistas coletivas.
"A decisão de Donald Trump de revogar as credenciais de imprensa do 'Washington Post' é nada menos que um repúdio do papel da imprensa livre e independente", disse o editor do jornal, Marty Baron, em comunicado.
"Quando a cobertura não corresponde ao que o candidato quer que ela seja, então a organização de imprensa é banida. O 'Post' vai continuar a cobrir Donald Trump como tem feito ao longo do tempo —honrosamente, honestamente, com precisão, energeticamente e sem receios. Temos orgulho de nossa cobertura e vamos mantê-la."
Uma fonte próxima da campanha disse que o veto poderia ser temporário e sublinhou que Trump já barrou outras organizações de imprensa, incluindo o site Politico, de obter credenciais e, depois, reverteu a decisão.
Ben Smith, editor-executivo do Buzzfeed, afirmou que sua organização de imprensa também está banido de cobrir eventos oficiais de Trump. E o "Huffington Post" publicou no Twitter uma mensagem em que diz ao "Washington Post": "Bem-vindo ao clube, #bannedbytrump [#banidoportrump]".
A campanha de Trump se incomodou com um artigo que apareceu no site do jornal mais cedo nesta segunda (13), com o título "Donald Trump sugere que presidente Obama estava envolvido com tiroteio em Orlando".
O título foi alterado para "Donald Trump parece conectar presidente Obama a tiroteio em Orlando" uma hora após sua publicação.
Foto:John Moore/Getty Images/AFP | ||
O republicano Donald Trump fala a apoiadores e à imprensa em Nova York, este mês |
REAÇÃO
Nesta terça-feira (14), a Sociedade Interamericana de Imprensa se disse "preocupada e condenou a censura imposta pelo virtual candidato republicano, Donald Trump, ao 'Washington Post', um padrão de comportamento que tem sido repetido contra outros jornalistas e veículos americanos".
"Os atos de intolerância no debate de ideias da parte de Trump são um obstáculo à liberdade de imprensa e o efetivo desenvolvimento do processo eleitoral democrático, protegidos pela Constituição dos Estados Unidos", afirmou por meio de nota Claudio Paolillo, chefe do comitê de liberdade de imprensa e informação da entidade
"Às vezes, Trump se mostra como Hugo Chávez, mas falando inglês", disse.
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