'Morte a traidores, liberdade ao Reino Unido', diz suspeito de matar deputada
Em sua primeira aparição pública desde sua prisão, Thomas Mair, o homem acusado de matar a deputada britânica Jo Cox na última quinta (16) respondeu com apenas uma frase às perguntas feitas durante audiência num tribunal de Londres neste sábado (18): "Morte a traidores, liberdade ao Reino Unido".
Ao ter seu nome questionado pela segunda vez pelo escrivão, Mair foi enfático: "Meu nome é morte a traidores, liberdade ao Reino Unido".
PRU/AFP | ||
A deputada britânica Jo Cox discursa durante sessão do Parlamento em novembro de 2015 |
O assassinato da deputada ocorreu uma semana antes do plebiscito do próximo dia 23, que vai decidir sobre a permanência dos britânicos na União Europeia.
Cox, 41, que defendia a continuidade do Reino Unido no bloco europeu, foi baleada e esfaqueada na rua em West Yorkshire, seu distrito eleitoral, no norte da Inglaterra.
Testemunhas afirmam que, antes do ataque, o autor teria gritado "Reino Unido primeiro", frase que é lema de partido homônimo, uma das mais radicais organizações de extrema-direita britânicas.
Vestindo agasalho de moletom cinza e com dois seguranças ao seu lado, Mair, 52, não fez mais comentários na audiência de 15 minutos.
Na sexta (17), ele foi indiciado por homicídio doloso, lesão corporal e porte ilegal de arma. Ele terá outra audiência na segunda-feira (20).
Segundo a magistrada Emma Arbuthnot, diante das respostas de Mair no tribunal, um relatório psiquiátrico deverá ser preparado.
O assassinato de Cox, que tinha 41 anos e dois filhos pequenos, chocou o país, gerando manifestações de líderes de todo o mundo e levantando questões sobre o tom da campanha antes do plebiscito. Ambos os lados suspenderam temporariamente as campanhas após o crime.
O suspeito será mantido sob custódia na prisão de Belmarsh, em Londres, até a próxima audiência na corte, marcada para esta segunda-feira (20).
Nesta sexta-feira (17), a chefe interina da polícia do condado, Dee Collins, disse que o ataque parece ser "isolado, mas com Jo como alvo determinado". Além da polícia, agentes antiterrorismo participam das investigações do homicídio.
COMOÇÃO
A morte de Jo Cox provocou comoção política no Reino Unido. Devido ao crime, foi interrompida a campanha do plebiscito sobre a permanência na UE a uma semana da votação, na quinta (23).
O Parlamento, cujas sessões foram suspensas devido à consulta popular, será reaberto na segunda (20) para um tributo à deputada.
Craig Brough/Reuters | ||
David Cameron e líder trabalhista Jeremy Corbyn visitam local do assassinato de deputada |
Na sexta, o primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, visitou o local do crime junto com o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, opositor a seu governo.
Em discurso, Cameron disse que a morte de Cox é motivada por intolerância, divisão e ódio. "Devemos afastar isso da nossa política, da nossa vida pública e da nossa comunidade."
E destacou a personalidade da deputada, elogiada pelos seus colegas por seu trabalho filantrópico. "O Parlamento perdeu uma de suas políticas mais brilhantes e apaixonadas, alguém que sintetizou o fato de que política é sobre servir aos outros."
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