A quatro dias de plebiscito, retornam campanhas contra e a favor do 'Brexit'
A campanha para decidir a permanência do Reino Unido na União Europeia recomeça neste domingo (19) após um hiato de três dias em respeito ao assassinato da deputada Jo Cox, favorável à permanência do Reino Unido na União Europeia.
Após pesquisas de opinião que mostraram avanço do voto favorável à permanência no bloco da UE, as campanhas voltaram com entrevistas e artigos nos jornais deste domingo, retornando ao debate sobre imigração e economia.
Hannibal Hanschke/Reuters | ||
Ativistas protestam contra 'Brexit' na Alemanha com bandeiras da UE e do Reino Unido pintadas no rosto |
O primeiro-ministro britânico David Cameron, que lidera a campanha pela permanência, afirmou em entrevista ao jornal "Sunday Telegraph" que os britânicos encaram uma "escolha existencial" no plebiscito da próxima quinta (23) e incentivou os votantes a considerarem o impacto econômico de deixar a UE, apontando para uma "provável recessão" que deixaria o Reino Unido "permanentemente mais pobre".
"Pergunte a si mesmo: eu ouvi alguma coisa -alguma coisa mesmo– que me convencesse que sair seria o melhor para a segurança econômica da minha família?", disse.
O ministro da Justiça Michael Gove, que defende a saída do bloco econômico, afirmou que a mudança poderia melhorar a posição econômica do Reino Unido. "Não posso prever o futuro, mas não acredito que sair da União Europeia deixaria nossa posição econômica pior, acho que a deixaria melhor", disse em entrevista ao mesmo jornal.
Gove também defendeu a permanência de Cameron, ameaçado de afastamento do cargo por parlamentares conservadores, como primeiro-ministro, independentemente do resultado da votação.
"Acredito absolutamente que David Cameron deve ficar, qualquer que seja o resultado do plebiscito, e espero que permaneça por todo o segundo termo para o qual foi eleito", afirmou.
O assassinato da deputada Jo Cox, 41, ocorreu uma semana antes do plebiscito do próximo dia 23, que vai consultar os britânicos sobre a permanência na União Europeia.
Cox foi baleada e esfaqueada na rua em West Yorkshire, seu distrito eleitoral, no norte da Inglaterra. Testemunhas afirmam que, antes do ataque, o autor teria gritado "Reino Unido primeiro", frase que é lema de partido homônimo, uma das mais radicais organizações de extrema-direita britânicas.
PESQUISAS
Neste sábado (18) foi divulgada a primeira pesquisa sobre o plebiscito feita após o assassinato da deputada britânica Jo Cox. A sondagem Survation para o "Daily Mail" dá uma vantagem de três pontos percentuais para o voto de continuidade na UE: 45% a 42%. O levantamento foi feito com 1.000 pessoas na sexta-feira (17) e no sábado (18).
Pesquisa anterior feita pela Survation para uma empresa do mercado financeiro e divulgada na quinta-feira (dia do assassinato de Cox) mostrava um cenário exatamente oposto: 45% a favor da saída, 42% contra o distanciamento do bloco.
Também neste sábado foi divulgada uma pesquisa YouGov, realizada antes da morte da deputada, que mostra dois pontos de vantagem pela saída do bloco: 44% a 42%.
Outra sondagem, da Opinium para o jornal "Observer", apontou um empate: com as opções "ficar" e "sair" com 44% das intenções de voto cada.
O levantamento ouviu 2.006 pessoas entre os dias 14 e 17 de junho, com a maior parte do trabalho tendo sido feita antes da notícia do assassinato de Cox, que levou à suspensão das campanhas para o plebiscito.
A pesquisa Opinium/Observer anterior, publicada em 11 de junho, mostrava a opção "ficar" à frente, com 44% das intenções de voto, contra 42% da "sair".
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