JK Rowling diz que 'Brexit' a fez repensar as regras para criar vilões
Defensora declarada da permanência do Reino Unido na União Europeia, a escritora JK Rowling escreveu nesta segunda-feira (20), em tom de desabafo, um texto sobre como as campanhas do plebiscito sobre o futuro dos britânicos fizeram com que ela repensasse as regras para a criação de vilões.
A autora de "Harry Potter" afirmou que as histórias que tem ouvido desde o início da campanha do plebiscito, marcado para o dia 23, "são os mais feios" de toda a sua vida.
No texto, publicado em seu site pessoal, a escritora criticou a campanha marcada pelo medo por parte dos dois lados que disputam o plebiscito. A maior parte das críticas, contudo, foi concentrada nos que defendem a saída do bloco.
"Como este país entrou no que pode ser vista como uma das campanhas políticas mais divisionistas e amargas já travadas dentro das suas fronteiras, tenho pensado muito sobre as regras para a criação de vilões", diz o texto de Rowling.
Ela citou o "Big Brother", do livro "1984", de George Orwell, o canibal Hannibal Lecter, criado por Thomas Harris, e finalmente Lord Voldemort, que ela própria inventou para a série do bruxo Potter. Não por acaso, ela evocou notórios e fictícios vilões da literatura antes de dizer que os malvados das campanhas do "Brexit" "não têm medo de invocar monstros calculadas para agitar os nossos medos mais profundos".
CÓPIA NAZISTA
No texto, Rowling comenta o pôster que, desde a semana passada, tem gerado controvérsia e pautado a reta final da campanha com a discussão sobre xenofobia.
O cartaz promovido pelo líder do Ukip, Nigel Farage, mostra uma fila de refugiados na fronteira da Eslovênia com a controversa mensagem que diz "Ponto de ruptura: devemos nos libertar da UE e retomar o controle das nossas fronteiras".
Para a escritora, é "uma cópia quase exata de propaganda usado pelos nazistas".
Stefan Wermuth/Reuters | ||
Nigel Farage, líder do Ukip, posa em frente ao poster pró-saída do bloco europeu |
Rowling exaltou suas origens e experiências na Europa. Diz ser filha de uma mãe que falava francês e tinha orgulho da parte francesa da família. Afirmou ter vivido na França e em Portugual, estudado francês e alemão. "Eu sou o produto híbrido deste continente europeu e eu sou um internacionalista. [...] Adoro essas alianças múltiplas e associações culturais. Elas me fazem mais forte, não mais fraca."
Para a escritora, sair de casa e atravessar o canal que separa sua ilha do resto do continente europeu sem precisar de um visto tem valor simbólico. "Pode não ser na minha casa, mas eu ainda estou na minha cidade natal."
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