Após vitória, Boris Johnson diz que país 'não deve virar as costas à Europa'
Stefan Rousseau/AFP | ||
Ex-prefeito de Londres e líder de campanha pelo "Brexit", Boris Johnson fala em coletiva de imprensa |
Apesar de ter liderado a campanha a favor da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, favorito nas casas de aposta para substituir David Cameron como primeiro-ministro, afirmou em entrevista coletiva nesta sexta-feira (24) que o Reino Unido não deve "virar as costas à Europa".
"Nossos filhos e netos continuarão a ter um grande futuro na Europa", afirmou Johnson, que também disse que o "Brexit" é uma "oportunidade gloriosa" para o país. "Podemos aprovar nossas leis e ajustar nossos impostos de acordo com a necessidade da economia do Reino Unido".
Segundo Johnson, nada irá mudar no curto prazo após a votação que definiu o histórico rompimento do Reino Unido com a UE.
"Tendo votado para deixar a UE, é vital destacar que agora não há necessidade para pressa", disse Johnson a repórteres nesta sexta-feira.
O ex-prefeito de Londres abriu seu discurso na manhã desta sexta tecendo elogios ao primeiro-ministro britânico David Cameron, que definiu a realização do plebiscito, liderou a campanha contra a saída da UE e anunciou na manhã desta sexta, após a votação, que irá renunciar ao cargo.
"Respeito a decisão do primeiro-ministro de deixar o cargo", disse Johnson, destacando também a "coragem de Cameron" ao pedir o plebiscito e afirmando estar triste com sua saída. "É um homem corajoso e de princípios, que representou bem seu país por muito anos."
O ex-prefeito de Londres também afirmou que o plebiscito era "inevitável" e que os britânicos falaram a favor da democracia na votação. "Não havia como lidar com uma questão desse tamanho sem perguntar às pessoas", disse.
Johnson também reafirmou que no futuro o Reino Unido irá se beneficiar do voto pela saída. "Podemos encontrar nossa voz no mundo novamente, uma voz que é proporcional à quinta maior economia da Terra", disse.
Segundo o líder da campanha pela saída da União Europeia, a UE "foi uma ideia nobre em sua época", mas "não era mais correta para este país".
EFEITO DOMINÓ
Há 25 anos defendendo o rompimento com o bloco europeu, o líder do Ukip, Nigel Farage, defendeu nesta sexta que o dia 23 de junho vire feriado nacional no Reino Unido para defender que chamou de "dia da independência".
Farage também acredita que os britânicos abriram um importante precedente para plebiscitos Europa afora.
Reino Unido vota sobre o 'Brexit' - Veja como foi a votação
Além do risco de efeito dominó em outros países do bloco, que podem imitar a consulta popular para obter vantagem em negociações e romper com a UE, existe também a possibilidade de impulso a movimentos separatistas como o catalão e o escocês.
O resultado apertado do plebiscito mostra ainda que os britânicos estão divididos e terão de curar muitas feridas após a votação.
Além da disputa pela liderança do Partido Conservador, que chegou rachado ao dia da votação, o plebiscito também expôs fragilidades no Partido Trabalhista.
Jeremy Corbyn, líder dos trabalhistas, apoiou a permanência no bloco europeu, e, por isso, também está sob pressão e com a cabeça a prêmio. À Sky News, o líder dos trabalhistas garantiu que não renuncia e defendeu que o Reino Unido dê início ao processo de negociação da saída do bloco imediatamente.
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