Ted Cruz é vaiado por não recomendar a republicanos que votem em Trump
O senador Ted Cruz (Texas) começou seu discurso na Convenção Nacional Republicana, nesta quarta (20), parabenizando a confirmação de Donald Trump como presidenciável da legenda.
Terminou a fala, contudo, sob ruidosas vaias da plateia, após não dar nenhum sinal mais explícito de apoio ao magnata. A única menção à eleição ficou ao pedido de que os republicanos "votem com consciência".
Timothy A. Clary/AFP | ||
O senador republicano e ex-pré-candidato Ted Cruz discursa na Convenção Republicana nesta quarta (20) |
A certa altura, uma fatia republicana gritava "Trump! Trump!" enquanto ele falava, e outra parcela rebateu aos berros de "EUA! EUA!". O senador rebateu com ironia: "Aprecio o entusiasmo da delegação de Nova York".
Ele e a mulher, a executiva Heidi Cruz, precisaram ser escoltados por seguranças e aliados para evitar que fossem agredidos por aliados de Trump.
Horas antes, já havia especulações de que Cruz não apoiaria o ex-rival nas prévias republicanas. Quando concorriam à indicação do partido para disputar a Casa Branca, os dois se engalfinharam num embate que envolveu até ofensas às suas mulheres, Heidi Cruz e a ex-modelo Melania Trump.
Aliados de Cruz orquestram abertamente sua campanha presidencial para 2020, caso Trump perca as eleições para a democrata Hillary Clinton. O senador, que também enfrenta resistência da cúpula republicana, foi o segundo pré-candidato mais bem votado nas prévias do partido.
Em maio, pouco antes de desistir da corrida, ele chamou o empresário de "mulherengo em série" e "mentiroso patológico". Nos últimos dias, Cruz estava sob pressão para explicitar seu respaldo ao presidenciável.
O gesto simbolizaria a união do partido numa convenção desfalcada de caciques, como os ex-presidentes Bush pai e filho e os ex-presidenciáveis John McCain e Mitt Romney.
Cruz compareceu à Quicken Loans Arena, sede da convenção, mas fez poucas concessões a Trump. Um dos trechos mais aplaudidos de seu discurso cita uma das propostas mais polêmicas do magnata —o muro na divisa dos EUA com o México— e o slogan "América em primeiro lugar".
"Merecemos um sistema imigratório que coloque a América em primeiro lugar. E, sim, construa um muro que nos mantenha seguros."
O nome de Trump, contudo, não voltou a ser mencionado.
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