Polícia diz que atirador de Munique não tinha ligação com Estado Islâmico
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Foto de Ali Sonboly, 18, que matou nove pessoas em Munique nesta sexta e depois se suicidou |
Autoridades alemãs indicaram neste sábado (23) que o homem que disparou e matou nove pessoas em um shopping em Munique não tinha vínculos com o grupo extremista Estado Islâmico (EI).
"Não há indicação de nenhuma conexão com terrorismo internacional", disse Thomas de Maizière, ministro alemão do Interior, ao falar sobre o autor do ataque, identificado como Ali David Sonboly, de 18 anos, com dupla nacionalidade –alemã e iraniana. Ele se suicidou após o tiroteio nesta sexta-feira (22).
Segundo a polícia, Sonboly, que nasceu e foi criado em Munique, era obcecado por assassinatos em massa e tinha muita munição –mais de 300 balas– em sua mochila.
O atirador, que usou uma pistola 9 mm durante o ato, não era investigado pelos serviços de inteligência nem tinha antecedentes criminais.
No apartamento do atirador, a polícia encontrou indícios de que ele era obcecado por assassinatos em massa e que compilava informações sobre autores de chacinas, como artigos de jornais e livros, entre eles "Rampage in Head: Why Students Kill" (cabeça em tumulto: por que estudantes matam, em tradução livre).
"Documentos sobre ataques em massa com armas foram encontrados, então o autor obviamente pesquisou o tema intensivamente", disse o chefe de polícia de Munique, Hubertus Andrae.
Os pais do atirador foram para a Alemanha no final da década de 1990 em busca de asilo.
Sonboly tinha um histórico de depressão e teria passado por um tratamento psiquiátrico. Segundo vizinhos e outras testemunhas, era um jovem solitário –que era raramente visto com amigos– e teria sofrido bullying na escola.
Investigadores acreditam que Sonboly possa ter atraído as vítimas para o local do ataque, prometendo, por meio de uma página hackeada no Facebook, lanche de graça a quem chegasse numa lanchonete às 16h de sexta (hora local). Sete das nove vítimas do atirador eram adolescentes –cinco tinham menos de 16 anos.
O ataque em Munique ocorreu no dia em que se completaram cinco anos do massacre na Noruega, em que o extremista Anders Breivik matou 77 pessoas. Um colega de classe de Sonboly disse ao tabloide alemão "Bild" que o atirador de Munique tinha como imagem de perfil no Whatsapp uma foto do rosto de Breivik.
O ministro do Interior, no entanto, disse ser cedo para associar os dois casos.
MERKEL
A chanceler alemã, Angela Merkel, que suspendeu as férias de seu gabinete, afirmou que o governo está "fazendo o possível para proteger a segurança e a liberdade de todos na Alemanha".
Em entrevista neste sábado, em Berlim, Merkel disse que o ataque em um trem na segunda (18), quando um homem armado com um machado e uma faca feriu quatro pessoas, e o tiroteio desta sexta em Munique ocorreram em "lugares onde qualquer um de nós poderia estar" e levou os alemães a se perguntarem "que local é seguro?".
O prefeito de Munique, Dieter Reiter, decretou um dia de luto em homenagem às vítimas do ataque e cancelou todos os festivais que ocorreriam durante o fim de semana.
Neste sábado (23), cidadãos de Munique levaram flores, cartas, velas e bichos de pelúcia a um local próximo de onde o ataque aconteceu.
Aos poucos, as vítimas estão sendo identificadas. Autoridades alemãs disseram que todas residiam em Munique, incluindo sete adolescentes. O ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, informou à televisão local NTV que três mortos eram do país -dois adolescentes e uma mulher. Outras três vítimas, duas mulheres e Dijamant Zabergja, um homem de 21 anos, eram de Kosovo.
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