Presidente do Partido Democrata renuncia após vazamento de e-mails
Scott Audette/Reuters | ||
Debbie Wasserman Schultz renunciou ao cargo de presidente do Partido Democrata |
A Convenção Nacional Democrata começa com um drama: a renúncia da presidente do partido, Debbie Wasserman Schultz.
A deputada da Flórida bateu em retirada neste domingo (24), véspera do evento, após o WikiLeaks vazar 19.252 e-mais trocados por ela e mais seis dirigentes. Algumas das mensagens dão a entender que a máquina do partido estava sendo usada contra Bernie Sanders.
Por meses a fio, ele disputou internamente a vaga de presidenciável com Hillary Clinton —que será oficializada no posto durante a convenção.
Simpatizantes do senador de Vermont especulavam há meses que a cúpula da legenda trabalhava em favor da ex-secretária de Estado, ferindo a isonomia esperada no pleito.
O chefe financeiro do partido, Brad Marshall, chegou a sugerir um plano para questionar o pré-candidato judeu sobre sua fé antes das primárias em Kentucky e Virginia Ocidental, Estados com maioria evangélica. Sanders não é citado nominalmente, mas, pelo contexto, é possível inferir que Marshall escreve sobre ele em e-mail a três outros dirigentes, datado de 5 de maio.
"Pode não fazer diferença, mas, para KY (Kentucky) e WVA (Virginia Ocidental), podemos arranjar alguém que fale sobre sua crença. Ele acredita em Deus? Ele patina ao dizer que tem origem judaica. Acho que li que é ateu."
Marshall insinua que isso pegaria mal com o eleitorado local e, minutos depois, envia outro recado: "É essa coisa de Jesus". Um dos colegas responde: "Amém".
Já Schultz caiu na malha fina ao se referir ao chefe de campanha de Sanders, Jeff Weaver, como "um mentiroso desgraçado" e escrever que o senador era um estranho no ninho democrata.
Num dos e-mails, o diretor de comunicação Mark Paustenbach informou que Weaver disse que Sanders continuar a enfrentar Hillary até a convenção, independentemente de a rival ter mais votos populares e mais delegados a apoiando.
"Ele [Weaver] é um BABACA", respondeu Schultz.
O presidente Barack Obama e Hillary, sua potencial sucessora, divulgaram palavras gentis após a saída de Debbie —a "amiga de longa data", segundo ela, e uma líder que "unificou os democratas", para o presidente, que a indicou para o cargo em 2011.
Sanders disse à CNN que o episódio não lhe chocou, mas que ele esperava mais imparcialidade da legenda.
O senador já havia cobrado a renúncia da deputada, e seus escudeiros lotaram a praça em frente à Prefeitura da Filadélfia neste domingo, para protestar contra "Hillary e sua corja" —sinal de que a cúpula democrata pode estar unida, mas o racha na base persiste.
Ronny Wessirstrom, 44, descreve à Folha o "complô da elite" por meio de um fantoche em papel machê com o rosto e o terno de Sanders.
"Não sei o que é pior, o bobo do Donald Trump ou Hillary, que quer nos fazer de tolos, com aquele seu sorriso de Mickey Mouse."
O presidenciável republicano, Donald Trump, também não deixou barato. No Twitter, afirmou que Schultz era "superestimada" e criticou a imprensa, acusada de ter sido branda demais ao abordar o vazamento do WikiLeaks.
"Se a convenção republicana tive se arruinado com e-mails, a renúncia de um chefe e o nocaute de um grande jogador (Bernie), a mídia enlouqueceria."
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