Governo derrotou golpe disfarçado de demanda social na Bolívia, diz Morales
O presidente boliviano, Evo Morales, afirmou neste sábado (27) ter derrotado um golpe de Estado da direita, que pretendia distanciá-lo do poder, camuflado em uma demanda social de mineiros cooperados.
"Outra vez o governo derrotou um golpe de Estado. Temos informações preocupantes. Era algo preparado para derrubar o governo", afirmou Morales em entrevista à imprensa em Cochabamba, região central do país.
Na sexta-feira (26), o presidente havia denunciado que a tortura e o assassinato do vice-ministro do Interior, Rodolfo Illanes, nas mãos de mineiros que bloqueavam estradas, foi uma conspiração contra seu governo, manipulando "uma suposta reivindicação" social.
José Lirauze/Xinhua | ||
Presidente Evo Morales (segundo da esq. para dir.) e autoridades durante velório de Illanes nesta sexta |
Ele disse, ainda, que o local onde os mineiros se protegeram para enfrentar a polícia era um lugar estratégico, onde podiam "resistir durante semanas".
"A direita estava aí", apoiando a mobilização mineira, acrescentou o presidente. "Eles estão de acordo com os contratos de cooperativistas mineiros com o setor privado. Revisemos os jornais."
O presidente reiterou suas suspeitas de que as cooperativas mineiras foram enganadas por alguns de seus dirigentes que pretendem se tornar empresários motivados pela ambição econômica.
ACUSADOS
Enquanto isso, o Ministério Público apresentou uma acusação formal contra três mineiros, entre eles o presidente da Federação Nacional de Cooperativas Mineiras (Fencomin) pela suposta participação no assassinato de Illanes.
"Após a valoração das provas coletadas e das declarações dos diferentes atores e testemunhas, a comissão de promotores acusou três mineiros pelos crimes de assassinato, organização criminosa, e atentados contra membros de organismos de segurança do Estado, em grau de autoria", afirmou o promotor Edwin Blanco.
Jose Lirauze/Prensa Palacio Bolivia | ||
O vice-ministro do Interior, Rodolfo Illanes, morto por manifestantes nesta quinta, em foto de 2014 |
Os mineiros questionam uma norma que permite a criação de sindicatos dentro das cooperativas. Já o governo os acusa de tentar obter autorização para alugar concessões mineiras a empresas privadas ou estrangeiras, o que a Constituição proíbe expressamente.
Os confrontos de três dias entre mineiros e policiais também deixaram dois mineiros mortos e 20 policiais feridos.
O corpo de Illanes será sepultado com honras de Estado neste domingo (28).
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