Após incerteza, governo confirma morte do ditador do Uzbequistão
Após relatos incertos, o governo e o Parlamento do Uzbequistão confirmaram nesta sexta-feira (2) a morte do ditador Islam Karimov, aos 78 anos, vítima de um derrame cerebral.
Segundo o comunicado conjunto, Karimov será enterrado neste sábado (3) em Samarkand de acordo com a tradição islâmica.
O primeiro-ministro, Shavkat Mirziyoyev, foi apontado chefe da comissão que organiza o funeral. Não está claro, porém, quem será o sucessor de Karimov.
No poder desde 1989, ele via a si mesmo como um protetor do povo uzbeque contra a ameaça do fundamentalismo islâmico —90% dos 29 milhões de uzbeques se declaram muçulmanos. Seus críticos, porém, o viam como um ditador brutal que se utilizou da tortura para permanecer no cargo.
Nascido em 30 de janeiro de 1938, Karimov cresceu em um orfanato estatal e logo ascendeu entre os quadros do Partido Comunista da União Soviética, gigante que reunia 15 repúblicas, entre elas o Uzbequistão.
Ele conduziu o país da Ásia Central à independência depois do esfacelamento da União Soviética, em 1991. Primeiro e único presidente uzbeque até hoje, Karimov não admitiu oposição durante seus 27 anos no poder, período em que o Uzbequistão se tornou uma das nações mais autoritárias e isoladas do mundo.
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Depois da independência, a economia continuou fortemente regulada pelo Estado, apesar da pressão do FMI (Fundo Monetário Internacional) por reformas. A imprensa local também foi mantida sob censura durante a era Karimov, que baniu veículos estrangeiros, como a rede britânica BBC, de operar no país.
Karimov usou do medo do radicalismo islâmico para endurecer o controle sobre a população. "Essas pessoas [extremistas] devem ser baleadas na cabeça. Se necessário, se faltar determinação a vocês, eu mesmo atirarei neles", disse Karimov, em um discurso no Parlamento, em 1996.
Em maio de 2005, o ditador reprimiu violentamente uma revolta contra o regime na cidade de Andizhan. Centenas de civis foram mortos, de acordo com organizações internacionais de direitos humanos.
O massacre levou a União Europeia e os Estados Unidos a cortarem relações diplomáticas com o Uzbequistão à época. Nos últimos anos, o país voltou a se aproximar de Washington, se apresentando como rota de transporte de mercadorias americanas para o vizinho Afeganistão.
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