Chanceler uruguaio anuncia reunião entre Tabaré Vázquez e Temer na ONU
O chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, anunciou nesta segunda-feira (5) que o presidente Tabaré Vázquez se reunirá com seu homólogo brasileiro, Michel Temer, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, que será realizada em Nova York neste mês.
A declaração do ministro, reproduzida por rádios uruguaias, ocorre depois de o governo de Vázquez emitir um polêmico comunicado sobre a destituição de Dilma Rousseff da Presidência do Brasil na última semana e a confirmação de Temer no cargo até 2018.
O governo do Uruguai "considera uma injustiça profunda" a decisão do Congresso brasileiro de destituir Dilma, afirmou a chancelaria em um comunicado divulgado na quinta-feira (1º).
Nin Novoa assistiu, na semana passada, a uma comissão parlamentar bicameral na qual, segundo informaram à AFP pessoas presentes no encontro, ele expressou que seu país reconhece o governo Temer como legítimo. Nesta segunda, reiterou a posição após críticas da oposição ao teor do comunicado.
Nicolás Celaya/Xinhua | ||
O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, durante entrevista coletiva em Montevidéu |
O chanceler também disse que o "processo (de juízo político) foi legal (...), mas o resultado do processo foi um resultado injusto". O texto do comunicado e a postura ante o ocorrido no Brasil provocaram divisões dentro do partido do governo, a Frente Ampla, no qual setores afinados ao PT, de Dilma, qualificaram a destituição da agora ex-presidente de "golpe de Estado parlamentar".
O Uruguai havia se chocado nas últimas semanas com o Brasil, seu segundo sócio comercial mais importante depois da China, devido à transferência da Presidência do Mercosul, bloco do qual ambos os países fazem parte, para a Venezuela.
Brasil, Paraguai e Argentina se opõem ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, com a justificativa de que seu governo não respeita direitos humanos, mantendo presos políticos de oposição. O Mercosul está sem líder desde que o Uruguai (único país que defende a Venezuela) deu por encerrado seu período na Presidência do bloco.
Esses três países avaliam ainda a possibilidade de "rebaixar" a Venezuela dentro do Mercosul para impedir que o país assuma a presidência. O chanceler brasileiro, José Serra, já defendeu uma "presidência-tampão" até que a Argentina –a próxima, pela ordem alfabética– assuma o bloco.
Nin Novoa diz que o Uruguai tem o objetivo se "salvar o Mercosul", e reconheceu que o governo de Temer, do argentino Mauricio Macri e do paraguaio Horácio Cartes estão "na mesma sintonia" sobre os acordos de livre comércio, e que a "Venezuela está, por decisão própria, fora dessas negociações", entre outros, com a União Europeia.
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