Acusado de ataques a bomba nos EUA tinha diário em que elogiava Bin Laden
A Justiça americana formalizou na noite desta terça-feira (20) a acusação contra o afegão naturalizado americano Ahmad Khan Rahami, 28, que inclui uso de armas de destruição em massa e bombardeio de locais públicos, relacionadas aos ataques a bomba do sábado (17) em Nova Jersey e no bairro de Chelsea, em Nova York —que deixou ao menos 31 feridos.
Os investigadores federais revelaram a existência de um diário escrito a mão por Ahmad, no qual ele manifestava o desejo de "matar infiéis" e seu repúdio ao "massacre" que teria sido cometido pelos Estados Unidos contra muçulmanos no Afeganistão, Iraque, Síria e Palestina. Ele também elogiava Osama bin Laden e a rede terrorista Al Qaeda.
"Se Deus quiser, os sons das bombas serão ouvidos nas ruas. Tiros à sua polícia. Morte à sua opressão", escreveu Ahmad, que chegou aos EUA quando tinha sete anos de idade.
Ed Murray/NJ Advance Media via AP | ||
Ahmad Khan Rahami, acusado de realizar atentados em Nova York, é detido após troca de tiros |
Junto ao diário, uma página manchada de sangue continha referências a Anwar al Awlaki, clérigo americano-iemenita morto em um ataque de drone em 2011 e propagandista da rede Al Qaeda na Península Arábica; e Nidal Hasan, psiquiatra do Exército que atirou contra colegas na base Fort Hood, no Texas, matando 13 pessoas.
DENÚNCIA DO PAI
O pai de Ahmad denunciou à polícia há dois anos que seu filho, nascido no Afeganistão, poderia ser um terrorista. A denúncia então gerou uma investigação do FBI (polícia federal americana), informaram autoridades americanas nesta terça.
Mohammad Rahami procurou a polícia depois de o filho ser preso acusado de esfaquear o irmão. Depois, porém, o pai disse aos agentes que o jovem estaria apenas andando com más companhias.
À época, o FBI não encontrou nenhuma evidência conectando Ahmad a grupos terroristas e encerrou a investigação semanas depois. Ele também não foi indiciado pelo esfaqueamento do irmão.
Questionado por repórteres nesta terça se Ahmad era um terrorista, Mohammad afirmou: "Não. E o FBI, eles sabem disso."
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, afirmou que os ataques "de fato aparentam ter sido um ato terrorista".
A informação da investigação de 2014 do FBI emerge enquanto Ahmad está preso, com fiança estipulada em US$ 5,2 milhões, acusado de tentar matar policiais durante o tiroteio que terminou com sua captura na segunda. Ferido na perna, ele seguia hospitalizado nesta terça-feira.
ASPIRAÇÕES TERRORISTAS
A revelação dos contatos do pai de Ahmad com o FBI levanta questões sobre se haveria algo mais que as forças de segurança poderiam ter feito há dois anos para determinar se o jovem afegão naturalizado americano tinha aspirações terroristas.
O tema também foi discutido depois do massacre de Orlando, em junho, quando o diretor do FBI, James Comey, afirmou que agentes haviam investigado anos antes o americano Omar Mateen, 29, que matou 49 pessoas na boate gay Pulse. Comey dissera que não havia sido encontrada informação suficiente para prosseguir com a investigação de Mateen.
No caso de Ahmad Khan Rahami, as autoridades disseram que o FBI abriu uma "avaliação", a forma menos intrusiva de investigação do órgão. O Departamento de Justiça restringe os tipos de ações que os agentes podem tomar nesse caso: não é permitido, por exemplo, gravar ligações telefônicas sem obter aprovação em nível elevado.
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