Colombianos votam em plebiscito sobre acordo histórico com as Farc
As urnas foram abertas na Colômbia às 8h (10h de Brasília) deste domingo (2) para a votação do plebiscito que define a aprovação ou a rejeição do acordo de paz entre o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
São 34,9 milhões de colombianos convocados a dar sua opinião sobre as negociações que podem por fim a um conflito de 52 anos no país. A grande dúvida é quantos desses milhões de eleitores irão efetivamente às urnas, já que na Colômbia o voto não é obrigatório e os últimos pleitos foram marcados por índices elevados de abstenção.
Diana Sanchez-01º.out.2016/AFP | ||
Apoiadores do presidente Juan Manuel Santos fazem manifestação pelo "sim" durante partida de vôlei |
Para o plebiscito, os principais institutos de pesquisa apontam para uma abstenção que pode variar entre 40% a 50%.
"Para que a paz seja estável e duradoura é necessário o selo de legitimidade e aprovação do povo colombiano", disse o presidente Juan Manuel Santos ao instalar a missão de 200 observadores de 25 países que acompanharão o dia de votação.
Para que seja aprovado o histórico acordo, firmado no último dia 26, são necessários mais de 4,4 milhões de votos para o "sim" e que estes sejam mais numerosos que o "não".
Felipe Caicedo-01º.out.2016/Reuters | ||
Manifestantes fazem ato pelo "não" ao acordo de paz com as Farc |
As últimas pesquisas de intenção de voto indicam que o "sim" terá entre 55% e 66% dos votos. Já o 'não", apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), teria em torno de 35%.
O resultado deve ser divulgado às 17h (19h em Brasília).
"Não entreguemos a Colômbia", disse Uribe, hoje senador, para quem o acordo garantiria impunidade aos rebeldes das Farc e levaria o país ao "castrochavismo" de Cuba e Venezuela.
CONSEQUÊNCIAS
Caso o "sim" vença, o governo colombiano espera ganhos além da paz. De acordo com os cálculos da equipe econômica de Santos, o país poderá crescer entre 2 a 3 pontos percentuais a mais do que o normal a partir de 2017.
A estratégia é vender a imagem de um país pacificado que traga mais investimentos estrangeiros. O turismo também vem sendo visto como fonte de novos recursos, uma vez que destinos antes proibidos de serem visitados devido à presença da guerrilha, como Caños Cristales (um rio colorido no Departamento de Meta), ou lugares na região amazônica, poderão ser incorporados aos roteiros de viagens tradicionais.
A vitória do "sim", porém, também representará um novo desafio, o de buscar fundos para as reformas necessárias. Só para desminar o território, Santos conseguiu uma ajuda exterior de US$ 87 milhões. Porém, serão necessários outros US$ 210 milhões. Também é preciso dinheiro para reconstruir a infraestrutura destruída pela guerra e implementar a reforma agrária que consta do documento.
Santos afirma que o crescimento do PIB permitirá esses gastos sem ter de aumentar impostos. A oposição, porém, insiste que o governo deve fazer com que as Farc paguem parte da reconstrução do país.
Se a alternativa do "não" for vitoriosa, as Farc não pretendem seguir na mesa de negociações, como afirmaram seus líderes após a Décima Conferência, realizada há duas semanas. O mais provável, portanto, é que a guerrilha retorne aos montes e selvas.
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