Em cúpula na Índia, Rússia propõe aos Brics ação conjunta contra terrorismo
Para auxiliar no combate ao terrorismo, um dos principais temas da cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que se encerrou neste domingo (16) na Índia, o presidente russo, Vladimir Putin, sugeriu ao bloco a criação de um banco de dados para trocar informações sobre terrorismo.
A ideia é compartilhar, de forma fácil, os dados de pessoas possivelmente envolvidas com atividade terrorista reunidos por cada um dos cinco países. A proposta foi bem recebida pelos demais líderes, mas seguirá em discussão nos próximos encontros.
"O Putin propôs criarmos o serviço de troca de informações a respeito de terrorismo. E para combater terrorismo, metade é informação", disse o chanceler José Serra. "Senti aqui um clima até enfático nessa matéria."
Por motivos particulares, Rússia e Índia eram os países que tinham mais interesse em que o tema do combate ao terrorismo fosse abordado de forma enfática pelo grupo.
Money Sharma/AFP Photo | ||
Líderes dos Brics posam para foto no último dia da reunião de cúpula em Goa, na Índia, neste domingo |
Anfitrião da cúpula, o premiê indiano, Narendra Modi, conseguiu acrescentar na declaração final uma "forte condenação" dos Brics ao ataque que matou 18 soldados indianos na Caxemira em setembro. O líder acusa o Paquistão de envolvimento no caso e chamou o país vizinho de "Estado terrorista".
O presidente Michel Temer, em seu discurso, aproveitou o tema para lembrar a necessidade de reforma do Conselho de Segurança —o Brasil pleiteia uma vaga como membro permanente no caso de uma ampliação.
"As ameaças avolumam-se e tomam novos contornos. Já as instâncias decisórias sobre paz e segurança seguem inalteradas e, não raro, inertes. Há que se reformar o Conselho de Segurança", disse.
ACORDOS
Os líderes dos Brics não conseguiram, na cúpula, avançar em temas como a criação de um mecanismo sobre resolução de medidas não tarifárias e o estabelecimento de uma agência dos Brics de classificação de risco.
O grupo, porém, criou um comitê de cooperação entre as autoridades aduaneiras dos cinco países, para facilitação do comércio. Também foram assinados acordos na área de pesquisa agrícola e de parceria entre suas academias diplomáticas.
Índia e Brasil trouxeram para a mesa a proposta de "aprofundar práticas de medicina tradicional", no caso indiano, e na parte de medicamentos, com a expertise brasileira.
"A ideia é poder desenvolver mais a produção de medicamentos de alto custo e de medicamentos essenciais", disse Serra.
Na área econômica, os líderes dos cinco países, que juntos respondem por quase um quarto do PIB mundial, se comprometeram a utilizar "todas as ferramentas —monetária, fiscal e estrutural—" para recuperar o crescimento equilibrado e inclusivo.
"A contribuição do Brics para a economia global será tanto mais eficaz quanto mais sólida forem as economias de seus integrantes", disse Temer, acrescentando que os países do grupo são parceiros comerciais prioritários e que podem ajudar na estratégia de recuperação brasileira.
BANCO DOS BRICS
O presidente afirmou que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como banco dos Brics e que completou agora seu primeiro ano, é a "face mais visível" do grupo, e que sua consolidação deve ser uma prioridade.
"Nosso desempenho como grupo —e nossa capacidade de inovar no sistema internacional— serão avaliados com base no bom funcionamento dessa instituição."
Segundo a Reuters, o banco aumentará a concessão de empréstimos para o valor de US$ 2,5 bilhões em 2017. Em abril, o banco aprovou seus primeiros projetos, todos na área de energia renovável. O Brasil vai receber US$ 300 milhões, via BNDES, para projetos em energia eólica.
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