Após apoio chinês, Filipinas anunciam 'separação' dos Estados Unidos
O polêmico presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, anunciou sua "separação" dos Estados Unidos nesta quinta-feira (20), declarando que se realinhou com a China, já que os dois países concordaram em resolver suas desavenças sobre o mar do Sul da China por meio de conversas.
Duterte fez seus comentários na China, onde está em visita com ao menos 200 empresários para abrir caminho para o que classifica como uma nova aliança comercial no momento em que as relações com os EUA, aliados de longa data, se deterioram.
Em um dos episódios recentes, em setembro, o presidente Barack Obama cancelou um encontro que teria com Duterte, após o filipino ter chamado o americano de "filho da puta".
Os esforços de Duterte para se alinhar com a China, meses depois de um tribunal internacional arbitrar a favor das Filipinas nas disputas referentes ao mar do Sul da China, uma grande derrota diplomática para o governo de Pequim, marcam uma reversão na política externa desde que o ex-prefeito de 71 anos assumiu o cargo em 30 de junho.
"Agora a América perdeu", disse Duterte a empresários chineses e filipinos em um fórum no Grande Salão do Povo ao qual compareceu o vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli.
"Eu me realinhei em seu fluxo ideológico e talvez também vá à Rússia conversar com [o presidente russo, Vladimir] Putin e lhe diga que há três de nós contra o mundo —China, Filipinas e Rússia. É o único caminho", acrescentou.
Wu Hong/REUTERS | ||
O filipino Rodrigo Duterte durante reunião com integrantes do Legislativo chinês, em Pequim |
"Com isso, neste local, excelências, neste local eu anuncio minha separação dos Estados Unidos", disse Duterte ao som de aplausos. "Eu me separei deles. Então, dependerei de vocês para todo o sempre. Mas não se preocupem. Também iremos ajudar, como vocês nos ajudam."
Criticado por Estados Unidos, União Europeia e ONU por sua campanha de combate ao crime, que provocou mais de 3.700 mortes, segundo uma contagem oficial, Duterte tem o apoio da China para esta política.
"Pequim apoia o novo governo filipino em sua luta para proibir as drogas, contra o terrorismo e a criminalidade, e está disposta a cooperar neste tema com Manila", afirmou o ministério das Relações Exteriores chinês.
O apoio não está apenas no discurso. O secretário de Comércio filipino, Ramon Lopez, disse que serão assinados esta semana acordos no valor de US$ 13,5 bilhões com os chineses.
MAR DO SUL DA CHINA
Após a reunião entre Xi e Duterte, em que o presidente filipino afirmou que a relação com a China entrou em uma nova "primavera", o vice-chanceler chinês, Liu Zhenmin, disse que a disputa pelo mar do Sul da China não representa a totalidade da relação entre os países.
"Os dois lados concordaram que farão o que foi acordado há cinco anos, que é buscar um diálogo bilateral e conversas para uma boa decisão a respeito do mar do Sul da China", disse Liu.
A China reivindica a maior parte das águas da região e, nos últimos anos, construiu várias estruturas em pequenas ilhas e territórios, também reivindicados por outras nações —entre elas, as Filipinas, que levaram o caso a uma corte internacional, antes da gestão de Duterte começar.
Editoria de arte/Folhapress | ||
editoria de arte/folhapress | ||
Imagem das ilhas Spratly antes (1ª foto) e depois de a China começar a construir no local (2ª foto) |
Ilha spratly antes |
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