Após fechamento de campo em Calais, crianças refugiadas ficam sem abrigo
Após as autoridades francesas esvaziarem a "Selva", campo improvisado na cidade de Calais, imigrantes e refugiados passaram a noite a céu aberto nos arredores do local. Organizações humanitárias alertam que crianças desacompanhadas estão entre os estrangeiros recentemente desabrigados.
"Crianças vulneráveis dormiram sob pontes, do lado de fora de armazéns e na própria 'Selva', que se tornou um ambiente extremamente volátil", declarou em comunicado nesta quinta-feira (27) a ONG Save the Children.
"Ainda falta informação e comunicação por parte das autoridades, que não deixaram claro o que vai acontecer com essas crianças."
Philippe Huguen/AFP Photo | ||
Imigrantes dormem a céu aberto perto de estação de registro em Calais |
A França disse nesta quara (26) ter completado o processo de transferência de imigrantes do campo em Calais, apelidado de "Selva" devido às insalubres condições de vida ali verificadas. Há cerca de um mês a Folha visitou o local, onde viviam milhares de pessoas.
Segundo as autoridades, 5.596 adultos e crianças que moravam no campo foram transferidos para abrigos em outras partes do país. Dentre estes imigrantes estão 234 menores de idade que foram transferidos para o Reino Unido desde a semana passada, após um acordo entre as autoridades francesas e britânicas.
Após expulsar os estrangeiros e desmontar as barracas de madeira e lona, equipes de trabalhadores foram vistas nesta quinta demolindo com escavadeiras as estruturas remanescentes no campo.
A chefe de governo da região, Fabieene Buccio, disse nesta quinta a jornalistas que o processo de registro e transferência de imigrantes da "Selva" havia se encerrado, e que novos estrangeiros que chegassem ao campo não podem esperar ser atendidas pelo programa de realocação.
"Não é a função de Calais receber todos os imigrantes que chegam à Europa. Não queremos criar um vácuo. Pedimos aos imigrantes [recém-chegados] que se dispersassem", declarou Buccio.
A "Selva", que começou a ser montada no fim dos anos 1990, fica às margens do Eurotúnel, passagem submarina que liga a França ao Reino Unido. O campo virou um símbolo da crise de imigrantes e refugiados na Europa e provocou atritos entre as autoridades francesas e britânicas.
Editoria de arte/folhapress | ||
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