Parlamento sul-coreano vota impeachment de presidente na sexta
Parlamentares sul-coreanos decidirão, a partir desta sexta-feira (9), o destino da presidente Park Geun-hye, em votação de um pedido de impeachment com base em seu envolvimento num escândalo de corrupção e tráfico de influência.
A expectativa é que a votação tenha início na madrugada de sexta (hora de Brasília), último dia da atual sessão parlamentar. Para ser aprovado, o texto precisa ter o apoio de dois terços dos 300 parlamentares. Os votos da oposição e de parlamentares independentes somam 172, mas é preciso ainda 28 para chegar nos 200. A imprensa local diz que cerca de 40 correligionários de Park podem votar contra ela.
REUTERS/Ed Jones/Pool | ||
Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye, fala à população no começo de novembro |
Se a moção de impeachment passar no Parlamento, a presidente conservadora será imediatamente afastada do posto, com seus deveres temporariamente transferidos para o primeiro-ministro, Hwang Kyo-ahn. A Corte Constitucional então terá até seis meses para definir se a presidente perderá mesmo o mandato.
Se isso ocorrer, ela será a primeira presidente democraticamente eleita no país a ser tirada do cargo. Roh Moo-hyun (2003-2008) chegou a ter seu impeachment aprovado no Parlamento, mas foi salvo pela Corte Constitucional.
Park, 64, é acusada de conspirar com a amiga de infância Choi Soon-sil e o ex-assessor Ahn Chong-bum para pressionar grandes empresas a doarem até US$ 69 milhões para duas fundações criadas e dirigidas por Choi.
Choi ainda teria sido beneficiada por contratos de sócios e de suas empresas com grandes companhias, como a Hyundai e o grupo de telecomunicações KT.
Segundo os promotores, as empresas temiam investigação pelas autoridades tributárias ou outras formas de retaliação oficial caso recusassem os pedidos relacionados a Choi. Em audiência recente no parlamento, os presidentes dos conselhos das empresas confirmaram que as solicitações haviam partido diretamente de Park ou de seus assessores.
A presidente é acusada ainda de vazar cerca de 47 conjuntos de documentos confidenciais do governo a Choi entre janeiro de 2013 e abril deste ano. Os textos continham, entre outras coisas, informações sobre quem seria indicado para importantes postos governamentais, inclusive a diretoria dos serviços nacionais de inteligência.
A oposição diz que Park demitiu integrantes do governo que tentaram denunciar as atividades relacionadas a Choi e que forçou um jornal a demitir seu presidente, em 2014, depois que o veículo publicou reportagens sobre a suposta influência da amiga.
DESCULPAS
Park reconhece que se reuniu com os empresários, mas nega qualquer coação. Ela pediu desculpas pelo "descuido" em seus laços com a amiga.
A presidente é filha de um ex-líder militar e sofre intensa pressão para renunciar imediatamente, com grandes multidões tomando as ruas da capital, Seul, todos os sábados, desde outubro, em manifestações por sua saída.
O índice de aprovação da presidente atingiu um recorde mínimo de 4%. Uma pesquisa da Realmeter divulgada nesta quinta-feira indica que 78% dos entrevistados querem o impeachment.
Como forma de pressão, os líderes dos dois principais partidos de oposição ameaçaram, nesta quinta, apresentar a renúncia de seus 159 parlamentares se o pedido de afastamento da presidente não passar.
"O impeachment é a única forma de normalizar as questões de Estado. Assim começaremos a resolver os problemas da sociedade e reescrever a história", disse a presidente do opositor Partido Democrata Choo Mi-ae.
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