Suposto autor de dossiê contra Trump, ex-espião britânico fugiu, diz mídia

DA AFP

Ex-espião britânico e autor de relatório chocante sobre as supostas relações entre Donald Trump e a Rússia, Christopher Steele fugiu de sua casa e está desaparecido.

O agente foi identificado por vários meios de comunicação como o autor do documento de 35 páginas, divulgado na terça-feira (10), que contém alegações de que a Rússia coletou informações constrangedoras sobre Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, que poderiam seu usadas para chantageá-lo no futuro. O republicano criticou a divulgação do documento, dizendo se tratar de "notícias falsas".

A divulgação do nome do ex-espião pelo "the Wall Street Journal" deu origem a buscas por ele no Reino Unido, mas Steele não foi encontrado em sua casa, nem em seu escritório. Segundo o jornal britânico "the Telegraph", ele fugiu na quarta-feira (11) de manhã.

Sua grande casa de tijolos vermelhos, no povoado de Runfold, perto de Londres, estava vazia nesta quinta-feira (12), constatou um jornalista da agência de notícias AFP.

Um de seus vizinhos, Mike Hopper, disse à agência britânica Press Association que Steele vivia ali havia 18 meses com sua esposa e seus quatro filhos.

Quando saiu de casa na manhã de quarta-feira parecia normal, disse o vizinho. "Não disse aonde ia nem quando voltaria", acrescentou Hopper, explicando que, enquanto isso, cuidará de seus três gatos.

Segundo o "the Telegraph", que cita uma fonte anônima, Steele teria fugido, preocupado por sua segurança, de sua família e por possíveis represálias após a publicação do documento.

CONSULTORIA

Segundo seu perfil no LinkedIn, Steele é um dos diretores da consultoria londrina Orbis Business Intelligente. Em seu site, a empresa diz que foi fundada em 2009 "por antigos profissionais dos serviços britânicos".

"Com sede em Londres, mas com um alcance global, nossa principal força é nossa capacidade para combinar uma rede de fontes de alto nível com uma sofisticada capacidade de investigação", indica a empresa, que nesta quinta-feira não respondia ao telefone e tinha muitos jornalistas parados na sua porta.

"Fornecemos conselhos estratégicos, organizamos operações para coletar inteligência e realizamos investigações complexas, em muitos casos transfronteiriças", acrescenta a Orbis.

O diretor da consultoria, Chris Burrows, se negou ante o "the Wall Street Journal" a "confirmar ou desmentir" a participação da empresa no relatório Trump.

Os escritórios da Orbis, situados perto do Palácio de Buckingham, estão no segundo andar de um edifício elegante. "Hoje não virá ninguém", disse à AFP a recepcionista do edifício.

MI6

Segundo o "the Wall Street Journal", que cita um ex-agente da CIA (serviço secreto americano), Christopher Steele trabalhou durante vários anos em Moscou para o MI6 (agência britânica de espionagem) e tem boa reputação entre os profissionais.

"É um agente de inteligência respeitado e, como muitos deles, começou uma segunda carreira quando alcançava os 50 anos", segundo um especialista em segurança da emissora britânica BBC, Franl Gardner.

Estes ex-agentes "costumam trabalhar (no setor privado) por muito mais dinheiro e com muito mais liberdade", explicou, embora tenha dito que era incomum que uma pessoa com este perfil estivesse envolvida a este nível em questões políticas.

Consultado pela AFP, o ministério das Relações Exteriores britânico, que administra a comunicação externa do MI6, não quis fazer comentários.

Christopher Steele "não trabalha" para a administração britânica, afirmou um porta-voz da primeira-ministra, Theresa May.

O polêmico relatório do qual Steele seria o autor inclui muitas informações comprometedoras sobre Donald Trump, entre elas a existência de um vídeo no qual apareceria junto a prostitutas russas ou informações sobre suas supostas trocas de informação com o Kremlin há décadas.

O dossiê, que circulava há meses no governo e na imprensa em Washington, foi publicado na íntegra na terça-feira pelo Buzzfeed. Suas informações não puderam ser verificadas.

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