Esquerdista supera ex-premiê no 1º turno de prévias socialistas na França
Benoît Hamon, ex-ministro da Educação, venceu neste domingo (22) a primeira rodada das primárias que vão escolher o candidato de esquerda às eleições presidenciais francesas deste ano.
Manuel Valls, ex-premiê, chegou em segundo lugar, de acordo com resultados preliminares. Eles disputarão o segundo turno no dia 29.
Lionel Bonaventure - 06.dez.2016/AFP Photo | ||
Primeiro-ministro francês, Manuel Valls, faz discurso em Evry, subúrbio de Paris |
Os primeiros números divulgados pelo governo, durante as contagens, estimavam 35,2% dos votos para Hamon e 31% para Valls. A escolha de Hamon, contrariando as expectativas, indica que os eleitores preferem um candidato mais à esquerda.
Hamon, 49, deixou o governo do presidente François Hollande após acusar sua política econômica de ser muito centrista. Valls, 54, por sua vez, foi um dos responsáveis pela guinada ao centro, em medidas vistas como favoráveis ao empresariado.
O voto nas primárias era aberto, condicionado apenas ao comprometimento dos eleitores aos "ideais da esquerda" e ao pagamento do equivalente a R$ 3,40. Concorriam o Partido Socialista e outras siglas menores.
Entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas votaram, número mais baixo do que os 4,3 milhões que participaram das primárias da centro-direita no final de 2016 –sinal da dificuldade da esquerda em mobilizar a sua base.
CANDIDATOS
Após o anúncio dos resultados, Hamon disse ter recebido "uma mensagem clara de esperança e renovação".
Hamon destacou-se nas primárias da esquerda ao prometer uma renda mensal mínima equivalente a R$ 2.500 para os adultos franceses, bastante criticada por seus adversários como uma meta impossível de cumprir.
Valls afirmou também que "uma nova campanha começa amanhã". "Eu não acredito em uma renda universal a um custo exorbitante, que significa aumentar massivamente os impostos", disse.
O ex-premiê, nascido em Barcelona (Espanha), representa a ala mais liberal dentro do Partido Socialista.
Ele sofreu desgaste político nestes meses, em especial devido a uma onda de ataques terroristas. Ele foi vaiado e chamado de "assassino" durante uma cerimônia em homenagem às vítimas de um atentado em Nice, em julho.
CONTEXTO
O Partido Socialista governa hoje a França, mas o presidente Hollande tem impopularidade recorde e, em um gesto incomum no país, decidiu não concorrer à reeleição.
O desemprego chegou a 13%. Houve uma série de importantes greves contrárias a reformas. O país foi também atingido por grandes ataques terroristas.
A centro-esquerda da França, assim como no restante da Europa, vive momento complicado. Independente do escolhido como seu representante no dia 29, é improvável que seja eleito. As pesquisas preveem que o conservador François Fillon, do partido Republicanos, e a ultra-direitista Marine Le Pen, do Frente Nacional, liderem o primeiro turno em 23 de abril.
A candidatura de Le Pen preocupa a liderança de outros países europeus, como a Alemanha, por representar uma guinada à direita. Ela é crítica à União Europeia e poderia levar a França a romper com o bloco.
Fillon deve vencer na segunda rodada, em 7 de maio, a julgar pelas estimativas atuais. Essa disputa, no entanto, já registrou algumas reviravoltas, incluindo a própria escolha de Fillon para representar a centro-direita.
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