Colômbia fiscaliza exportação de flores para barrar tráfico de cocaína

CESAR GARCIA
DA ASSOCIATED PRESS, EM BOGOTÁ

Cocaína é provavelmente a última coisa em que as pessoas pensam quando estão comprando rosas.

Todos os anos, porém, a polícia e os produtores de flores na Colômbia trabalham 24 horas por dia para assegurar que o romantismo do Dia dos Namorados (celebrado fora do Brasil em 14 de fevereiro, Dia de São Valentim) não seja estragado pela droga, o outro grande produto de exportação colombiano.

Até 150 mil toneladas de flores deixam a Colômbia diariamente a partir do final de janeiro em mais de 30 aviões de carga, oferecendo aos criativos cartéis de droga do país uma oportunidade de penetrar a cadeia frenética de fornecedores para esconder drogas no meio das rosas.

"Não há dúvida de que somos um alvo", disse Augusto Solano, presidente da associação de exportadores de flores da Colômbia.

Os protocolos de segurança que o setor de produção de flores desenvolveu em conjunto com a polícia começam a ser aplicados assim que caminhões refrigerados carregados de botões de rosas deixam dezenas de fazendas de floricultura espalhadas pela savana úmida que cerca a capital colombiana.

Quando as flores chegam ao aeroporto, cada carregamento é inspecionado por cem policiais munidos de aparelhos eletrônicos de detecção e acompanhados de 15 cães farejadores de drogas.

No ano passado a polícia informou ter encontrado quase 90 quilos de cocaína escondidos entre caixas de flores.

"Precisamos garantir que nossas exportações de flores não sejam contaminadas por gangues criminosas", disse o coronel Julio Triana, enquanto ele e seu cão farejador da raça labrador percorriam o galpão refrigerado onde as flores ficam antes de ser colocadas nos aviões de carga.

O setor colombiano de produção de flores decolou no início dos anos 1990, quando, em um esforço para incentivar as exportações de produtos legais, o Congresso dos EUA aprovou uma lei eliminando as tarifas sobre mercadorias vindas de países andinos produtores de drogas.

O fato de os criminosos colombianos hoje estarem de olho nos carregamentos de flores, vendo-os como maneira possível de contrabandear drogas para os EUA, é um sinal do crescimento das exportações de flores.

A Colômbia é hoje a segunda maior exportadora mundial de flores cortadas, perdendo apenas para a Holanda, e é a maior fornecedora dos Estados Unidos.

A época que precede o Dia dos Namorados é o período mais ativo do ano para os floricultores colombianos, que empregam 130 mil pessoas em centenas de fazendas de flores para conseguir exportar cerca de 500 milhões de flores em botão, em sua maioria para os Estados Unidos, mas também para outras partes do mundo.

"Neste momento não há uma única rosa disponível", disse Solano.

Mas, com concorrentes do Quênia e do Equador fazendo avanços, o setor floricultor colombiano não encara sua liderança como algo garantido e trabalha arduamente para impedir a penetração das drogas em seus carregamentos.

"Isso requer um esforço enorme, porque, se outro país encontrar drogas em nossas flores, podem proibir a importação de flores da Colômbia, e isso seria desastroso", disse Solano.

Traduzido por CLARA ALLAIN

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