Veja perguntas e respostas sobre a morte do meio-irmão de Kim Jong-un

FOSTER KLUG
DA ASSOCIATED PRESS, EM SEUL

O que realmente sabemos sobre a morte súbita de um membro da família que governo a Coreia do Norte que vivia em exílio? Além das especulações fervilhantes da mídia e da reação instantânea de "a culpa só poder ser de Pyongyang", por parte de uma agência de espionagem da Coreia do Sul, não muito.

Enquanto a investigação prossegue, o mistério sobre o que exatamente aconteceu com o meio-irmão do ditador norte-coreano, Kim Jong-un, enquanto ele esperava o avião em um aeroporto da Malásia, não para de crescer.

Mas seu possível envolvimento na morte de Kim ainda é incerto.

Será que simplesmente estavam no lugar errado na hora errada? Seriam agentes norte-coreanas, e até quem sabe cidadãs norte-coreanas usando passaportes falsos? Kim Jong-nam, em um dos momentos mais desanimadores de sua vida, passou por humilhação ao tentar entrar de fininho no Japão para visitar a Disneylândia de Tóquio –com um passaporte da República Dominicana.

A polícia está tentando verificar se os documentos de viagem das mulheres eram originais, de acordo com o ministro malasiano. A polícia disse ter detido também um terceiro suspeito, de nacionalidade malasiana, que ao que se sabe namora a suspeita que porta passaporte indonésio.

Se esse foi um homicídio cuidadosamente planejado –fruto de uma trama iniciada há anos, de acordo com os serviços de inteligência da Coreia do Sul– há ainda outras questões a responder: agentes norte-coreanos se deixariam prender com tamanha facilidade? (Uma das mulheres foi detida no aeroporto dois dias depois da morte de Kim). E fugiriam da cena do crime de táxi?

Outros exilados norte-coreanos podem estar em perigo?

O governo da Coreia do Sul disse que estava reforçando a segurança dos mais conhecidos desertores norte-coreanos que vivem no país, muitos dos quais já contam com proteção policial.
Kim Jong-nam foi protegido por muito tempo pela China, em sua base em Macau, de acordo com o serviço de espionagem sul-coreano. Agentes sul-coreanos dizem que ele deixa dois filhos e uma filha, de duas mulheres diferentes, que vivem em Pequim e Macau.

Crédito: FAMÍLIA NO PODER NA COREIA DO NORTE Kim Jong-un é o atual líder do país

Ha Taekeung, legislador sul-coreano que luta pelos direitos humanos na Coreia do Norte, declarou em entrevista no rádio quinta-feira que Kim Han-sol, filho de Kim Jong-nam, pode estar em perigo, porque sabe de segredos delicados sobre a vida pessoal de Kim Jong-un.

Kim Han-sol, que vivia com o pai em Macau, descreveu Kim Jong-un como "ditador" em uma entrevista em 2012.

O que a China fará?

A China, mais importante aliada da Coreia do Norte, pouco disse oficialmente sobre a morte. Pequim ao que se sabe via Kim Jong-nam como potencial líder caso o governo da Coreia do Norte entre em colapso.

Um editorial do "Global Times", o jornal em inglês do Partido Comunista chinês, afirmou na quinta-feira que a China expressaria condenação caso surja confirmação de que Kim foi assassinado.

"Independentemente de o quanto a disputa política interna de um país seja intensa, não existe dúvida de que não se deve depender de assassinato político como forma de avançar em direção de objetivos", diz o editorial diz.

"Embora ainda não tenha emergido uma conclusão final sobre a morte súbita de Kim Jong-nam, as especulações até agora apontam firmemente na direção de Pyongyang".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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