Descrição de chapéu The New York Times

Pleito no Equador marca fim de era de ícones de esquerda na América Latina

NICHOLAS CASEY
MAGGY AYALA
DO "NEW YORK TIMES", EM QUITO

Pela maior parte da vida adulta de Luis García, um só nome dominou a política de seu pequeno país andino: Rafael Correa, o líder esquerdista da "revolução cidadã" no Equador.

Mas quando García foi às urnas no domingo, o nome de Correa não constava da cédula. Insatisfeito com as opções restantes, García, 33, músico que votou pela primeira vez em Correa em 2006, escolheu rabiscar sua cédula, anulando seu voto.

"O que um governo precisa fazer é facilitar o empreendedorismo", disse Lasso em entrevista na TV durante a campanha, acrescentando que em sua opinião parte exagerada dos empregos gerados por Correa eram postos públicos.

Lenín Moreno, o principal candidato da esquerda, prometeu fazer mais com menos, tomando dinheiro emprestado quando necessário. Em resposta a perguntas encaminhadas por escrito, ele afirmou que a despeito do colapso dos preços do petróleo Correa havia evitado cortar programas sociais e o subsídio à gasolina usada pelos pobres. Moreno disse que manteria essa política, se a esquerda vencer.

Com cerca de 87% dos votos apurados, na manhã desta segunda-feira (20), Moreno, 63, antigo vice de Correa, tinha 39% dos votos, o que não basta para evitar um segundo turno em abril. Analistas dizem que, se os números iniciais se confirmarem, isso representaria uma oportunidade para Lasso, o segundo colocado, de unir seus votos aos dos demais candidatos de oposição e conquistar a presidência.

Caso Moreno vença, ele terá de superar o desafio de se distinguir de seu predecessor e de seu legado. Correa anunciou que viverá na Bélgica depois do final de seu mandato, mas há quem argumente que, se a esquerda continuar no poder, ele agirá nos bastidores para tentar influenciar políticas.

"'Eu comando, eu ordeno' –é assim que ele pensa", disse Jorge León, cientista político da Universidade Central do Equador.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.