Justiça aprova impeachment, e presidente da Coreia do Sul é deposta

DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul aprovou nesta sexta-feira (10) a deposição da presidente Park Geun-hye, 65. A decisão é tomada seis meses após escândalo de corrupção e tráfico de influência que a levou cair em desgraça.

A mandatária sofreu impeachment sob a acusação de subornar conglomerados como Samsung, Hyundai e LG, a doarem a fundações de sua melhor amiga, Choi Soon-sil, em troca de favores.

A ORIGEM

Órfã de pai e mãe, Park aproximou-se mais de Choi Tae-min, chefe da seita religiosa Igreja da Vida Eterna, na década de 1980.

Há relatos de que o religioso a teria convencido sobre seu poder de se comunicar com a mãe assassinada —o que ele negou em uma entrevista concedida em 1990.

A aproximação com o guru levou também à amizade com a filha dele, Choi Soon-sil, que virou a principal confidente de Park. Em outubro, a presidente disse que a amiga a ajudara "em momentos de dificuldade no passado".

A proximidade das duas acabou se traduzindo em negócios a partir de 2013, quando Park chegou à Casa Azul (sede do governo). Para Choi, o livre trânsito foi uma oportunidade para enriquecer e aumentar sua influência.

Além de atuar como agente da presidente, exigindo aos grandes conglomerados que doassem a suas fundações por favores do governo, conseguiu indicar funcionários e ter acesso a documentos confidenciais, incluindo informações de inteligência.

A amiga da presidente deposta foi presa em novembro. Dias antes, reconheceu sua relação com Park e disse estar arrependida. "Cometi um pecado que merece a morte."

Chamada de "rasputina", ela aguarda julgamento. O escândalo abalou irreversivelmente a imagem da primeira presidente mulher sul-coreana, que, antes da eleição, em 2012, disse que não se beneficiaria do poder.

IMPEACHMENT NA COREIA DO SUL

AS ACUSAÇÕES

Extorsão e abuso de poder
Park teria pedido a assessor ajuda para que Choi Soonsil ganhasse contratos de publicidade da Hyundai e da KT, pressionado as empresas a doar a fundações da amiga

Vazamento de documentos confidenciais
Líder era acusada de entregar a Choi 47 relatórios sigilosos, com dados sobre nomeações de funcionários públicos

Violação da Constituição
Ela teria empregado aliados da amiga, demitido quem queria denunciar o esquema e forçado jornal a demitir presidente por publicar reportagens sobre o caso

Suborno
Park era suspeita de subornar por meio de doações a Choi em troca de favores

CRONOLOGIA

set.2016
Imprensa revela tráfico de influência de Choi e Park

25.out
Líder pede desculpas; Promotoria abre investigação

4.nov
Presidente assume culpa e aceita investigação

9.dez
Parlamento a afasta sob acusação de suborno

Erramos: o texto foi alterado
Diferentemente do informado, e presidente sul-coreana é deposta", 304 foi o número total de mortos no naufrágio da balsa Sewol, não o de estudantes mortos. Entre os mortos havia 250 estudantes.

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