Em subúrbio de Detroit, quatro de seis vereadores seguem o islã
Na vitrine da loja de artigos populares Dollar Center em Hamtramck, no subúrbio de Detroit, véus disputam espaço com flores de plástico e porta-retratos. No mercado em frente, um selo "halal" indica que ali é possível comprar carne adequada às exigências do islã.
A presença muçulmana na pequena cidade de 22 mil habitantes é perceptível mais nesses detalhes e nos letreiros em inglês e árabe do que na arquitetura –herança de um tempo em que Hamtramck, hoje com 60% de sua população sendo muçulmana, ainda tinha maioria polonesa e católica.
O grupo, que começou a deixar a cidade com a saída da fábrica da Dodge, em 1979, ainda era numeroso o suficiente na década seguinte para atrair a visita do papa polonês João Paulo 2º, em 1987.
Em 2015, Hamtramck, que reúne imigrantes do Iêmen, de Bangladesh e da Bósnia, fez história ao se tornar a primeira cidade do país com uma câmara municipal de maioria muçulmana –quatro de seus seis membros.
A novidade, ao se espalhar pelo país, virou um prato cheio para sites de notícias falsas, como o "US Herald", que publicou que seus vereadores aplicariam a sharia (lei islâmica). "Não fui eleito por ser muçulmano. Sou um comerciante, fiz minha campanha em cima de outras propostas", diz Saad Almasmari.
O iemenita afirma que os membros da câmara se preocupam com todos os moradores, independentemente de religião, e que a nova formação ajuda na promoção da diversidade e da tolerância.
Almasmari nega que haja problemas como o incômodo, relatado por moradores ao "Washington Post" em 2016, com a permissão a uma mesquita de usar alto-falantes para chamar os fiéis para as orações diárias. À Folha, moradores não muçulmanos evitaram falar quando questionados sobre a polêmica.
"Tentam criar uma tensão que não existe na cidade", diz o vereador, sobre os cânticos da mesquita, que começam às 6h da manhã.
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