Santos pede desculpas a Colômbia por receber doação irregular da Odebrecht

DE SÃO PAULO

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pediu desculpas nesta terça-feira (14) a seus concidadãos pela doação irregular de US$ 400 mil feita pela Odebrecht a sua primeira campanha presidencial, em 2010.

O pagamento da construtora brasileira por caixa dois foi reconhecido horas antes do pedido de desculpas por Ricardo Prieto, um dos coordenadores na eleição. Segundo o Ministério Público, o dinheiro foi usado para pagar 2 milhões de cartazes.

Em uma rede social, o mandatário disse que não sabia e não autorizou o recebimento da doação não contabilizada que, segundo ele, violou "as normas éticas e de controle que eu exigi que fossem impostas na minha campanha".

"Lamento profundamente e peço desculpas aos colombianos por este fato vergonhoso que nunca deveria ter acontecido e da qual acabo de saber. Peço aos envolvidos que esclareçam o mais rápido possível esta atuação inaceitável."

Além de condenar o caixa dois, Santos negou que a doação da Odebrecht tenha levado a casos de corrupção em seu governo. E pediu aos investigadores que punam quaisquer responsáveis por atos irregulares de sua gestão.

O caso dos cartazes se soma à acusação de que ele teria recebido US$ 1 milhão da construtora para sua campanha de reeleição, em 2014. Também coordenador de campanha nesta ocasião, Prieto nega a entrega do dinheiro.

O reconhecimento deverá complicar mais a situação política do presidente colombiano no momento em que começa a desmobilização das Farc após o acordo com a guerrilha que lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz.

Depois de revelada a acusação da doação de 2014, parte da oposição chegou a pedir sua renúncia. O clamor, porém, não teve o apoio de seu principal rival, o ex-presidente Álvaro Uribe, que, além de ser acusado de receber dinheiro da Odebrecht na eleição do mesmo ano, estava envolvido na campanha de Santos de 2010.

CAIXA DOIS

Os promotores dizem que o dinheiro foi depositado pela empreiteira em uma conta no Panamá do Impressa Group, envolvido no escândalo do Panamá Papers, que repassou o dinheiro à empresa de impressão Infograf.

Os donos da empresa offshore eram Félix Otto Rodríguez e María Fernanda Valencia, que se candidatou em 2010 a deputada pelo partido Mudança Radical, da mesma coalizão de Juan Manuel Santos.

Os cartazes foram produzidos em abril daquele ano, quando o hoje presidente estava em segundo lugar nas pesquisas, atrás Antonas Mockus. Ele reverteu o quadro ainda no primeiro turno e venceu no segundo com 62% dos votos.

Em depoimento aos promotores, Otto reconheceu a captação do dinheiro, assim como Prieto. Até o momento, porém, não se sabe quem foi o responsável por pedir as doações à construtora.

Erramos: o texto foi alterado
Diferente do informado em versão anterior, o presidente Juan Manuel Santos obteve 69% dos votos na eleição de 2010.
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