Em maior derrota política, Trump retira projeto de reforma da saúde

ISABEL FLECK
DE WASHINGTON

Em sua maior derrota política em pouco mais de dois meses de governo, o presidente Donald Trump abandonou nesta sexta-feira (24) o projeto para substituir o Obamacare depois de não ter conseguido votos suficientes para passá-lo na Câmara, de maioria republicana.

Após ter sido alertado pelo autor da proposta, o presidente da Câmara Paul Ryan, de que não havia apoio para a aprovação, durante a tarde, Trump orientou a liderança do partido a retirar o texto da pauta de votação.

Por ora, o presidente afirmou que vai colocar suas forças em outra batalha no Congresso: "agora vamos atrás da reforma tributária, que deveria ter sido feitas antes".

Momentos antes, com expressão abatida, Ryan colocou a culpa da derrota no fato de os republicanos ainda não estarem acostumados a estar do lado do governo. "Somos um partido que por dez anos esteve na oposição, onde estar contra as coisas era simples", disse.

Do outro lado, a líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi, comemorou o recuo do governo, um dia depois de o Obamacare completar sete anos. "Hoje é um grande dia para o nosso país. O que aconteceu no plenário é uma vitória para o povo americano", disse Pelosi.

Entre as principais mudanças que a chamada Lei de Saúde Americana propunha, estava o fim da obrigatoriedade para que americanos acima da linha da pobreza tenham um plano básico e para que empresas com mais de 50 empregados arquem com planos de 95% dos funcionários, e o fim dos fundos federais para que Estados ampliem o atendimento pelo Medicaid.

Uma análise feita pelo Congressional Budget Office (CBO), agência não partidária ligada ao Congresso, tinha apontado que 24 milhões de pessoas perderiam a cobertura de saúde nos próximos dez anos com a substituição proposta pelos republicanos.

O número gerou preocupação entre os integrantes do partido mais ao centro.

Após as concessões feitas por Trump sobre o Medicaid para a ala mais conservadora do partido, o CBO divulgou um novo relatório na quinta, mostrando que, com as mudanças, o corte no deficit seria de US$ 150 bilhões até 2026 - e não mais de US$ 337 bilhões, como no texto original de Ryan.

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