A estreia da "mãe de todas as bombas" uma semana depois do também inédito ataque a alvos do governo sírio sugere que Donald Trump pegou gosto pelo tradicional uso do poderio militar por presidentes americanos contestados internamente.
No caso sírio, Trump pôde dizer que contrariou a Rússia, país cujo suposto apoio à sua eleição lhe garantiu uma investigação. Agora, poderá dizer que está usando sua maior arma não nuclear contra o terrorismo.
O expediente é associado a mandatários republicanos, mas sua aplicação é universal: o democrata Bill Clinton, herói liberal, bombardeou inutilmente o Iraque por quatro dias 1998 enquanto seu impeachment era analisado.
A superbomba é indicada para destruir alvos como complexos de cavernas, como os que os EUA dizem estar cheios de terroristas do Estado Islâmico em Nangarhar.
Mas o fato de que o artefato de US$ 16 milhões existe desde 2003 e nunca foi usado em conflitos mais abertos, como a guerra no Iraque, gera dúvidas sobre as conveniências calculadas por Trump.
A bomba é monstruosa. Evolução da chamada "Cortadora de Margaridas" usada na Guerra do Vietnã, a GBU-43/B tem o poder de uma pequena arma nuclear (11 toneladas) sem o inconveniente político ou as implicações radioativas.
O apelido vem do acrônimo de seu nome em inglês, "munição maciça de explosão aérea", ou moab –que serve também para "mãe de todas as bombas".
Ela é acionada pouco acima da superfície. Todo o oxigênio disponível incinera, destruindo tudo que esteja até a 1,6 km da explosão.
Com 9,1 metros de comprimento e 10,3 toneladas, só pode ser lançada de cargueiros com porta traseira, como a versão de combate do C-130 Hércules utilizada no ataque desta quinta (13). Possui aletas guiadas por GPS.
A Rússia disse ter desenvolvido em 2007 uma bomba quatro vezes mais poderosa. Foi apelidada de "pai de todas as bombas", fazendo jus ao machismo usualmente associado ao meio militar.
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