Trump prepara ordem para renegociar acordo com Canadá e México

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
DE NOVA YORK

Numa semana em que o presidente norte-americano, Donald Trump, procura retomar temas ligados às suas principais promessas de campanha, como a reforma tributária e um novo projeto para substituir o Obamacare, aumentam as expectativas sobre a assinatura de um decreto para renegociar a presença do país no Nafta —o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte.

Considerado pelo então candidato republicano como "o pior acordo de comércio" já assinado pelos EUA, a saída do bloco parecia estar destinada a acontecer logo nos primeiros dias de governo.

Em março, porém, Trump deu sinais de que teria desistido de tratar a questão de maneira drástica. Nesta quarta (26), conversou com os chefes de governo de México e Canadá e ficou estabelecido que os EUA não querem por ora deixar ou acabar com o Nafta, mas renegociá-lo.

Antes da divulgação da conversa da Casa Branca com seus parceiros, o jornal "The New York Times" e a rede CNN citaram informações fornecidas por funcionários do governo sobre a possibilidade de o presidente determinar o início de um processo de 90 dias para negociar a retirada dos EUA do acordo.

Numa demonstração de que estaria disposto a endurecer com seus parceiros, o governo americano anunciou nesta terça-feira (25) que imporia tarifas à importação de madeira do Canadá.

A decisão provocou pronta resposta do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que alertou para os riscos de decisões unilaterais elevarem barreiras comerciais que acabariam prejudicando os dois países, uma vez que "há milhões de bons empregos nos EUA que dependem do fluxo de bens, serviços e pessoas de um lado para o outro da fronteira".

Segundo o "New York Times", um documento assinado por Stephen P. Vaughn, representante da área de comércio exterior do governo, indica que Trump planeja investir numa espécie de refundação do acordo, mudando suas regras originais, que considera desequilibradas em relação aos EUA.

Além de cumprir as promessas feitas a seus eleitores de trazer de volta empregos do setor automobilístico, exportados para o México, o presidente pretende que os países-membros incluam mais produtos americanos em compras governamentais.

O Nafta foi criado em 1993 e passou a vigorar em janeiro de 1994, num período em que a formação de blocos de livre-comércio se virava uma tendência internacional. O objetivo do acordo é reduzir ou eliminar progressivamente barreiras alfandegárias entre EUA, México e Canadá.

O grupo também firmou acordos preferenciais com outros países fora da América do Norte, como o Chile, que usufrui de vantagens no acesso a esses mercados.

Três dias após assumir a Presidência, em 20 de janeiro, Trump assinou um decreto retirando os EUA da recém-formada Parceria Transpacífico, assinada com outros 11 países no governo do democrata Barack Obama.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.