Análise
Até novo vazamento, impacto de 'fake news' era restrito
Horas antes de explodirem os nove gigabytes do #MacronLeaks na sexta (5), a Universidade de Oxford divulgou um relatório sobre mídia social e a campanha para o segundo turno na França, concluindo que o impacto das notícias falsas havia sido menor que na eleição americana.
Diante dos nove gigabytes, não é mais possível saber, até porque não se tem ideia de qual será seu alcance.
Eric Feferberg/Reuters | ||
O candidato à Presidência da França Emmanuel Macron durante evento em Amiens |
O vazamento veio no momento em que a mídia francesa entrou em blecaute obrigatório sobre fatos que possam afetar o voto. E a campanha de Macron afirmou que pode haver documentos falsos junto aos verdadeiros. E sites que abrigaram o conteúdo do #MacronLeaks logo bloquearam o acesso.
Até o vazamento, o efeito do fenômeno "fake news" era restrito. Divulgado na sexta, um relatório do "Le Monde" com o consórcio CrossCheck identificou 28 boatos –como o jornal prefere chamar– com mais de 5.000 compartilhamentos no Facebook, entre 1º de fevereiro e 3 de maio.
Emmanuel Macron foi "a vítima número 1". Mas também Marine Le Pen, sua adversária, enfrentou notícias falsas, algumas cômicas –como a de que seu pai, Jean-Marie, fundador do partido que ela agora comanda, teria virado produtor de maconha no interior da França.
Nada de maior impacto, segundo o estudo de Oxford, por uma razão: "Diferenças substantivas entre a qualidade das conversas políticas na França e nos EUA são evidentes. No caso americano, 26% dos links compartilhados levavam a conteúdo jornalístico profissional. Na França, 42%".
Além do apego dos franceses ao jornalismo profissional, houve o esforço do Facebook de combate às notícias falsas. Embora outras empresas, como Twitter e principalmente Google, sejam criticadas pelo papel na propagação de "fake news", o foco da atenção é o Facebook.
E o pleito francês é seu primeiro grande teste –depois que o combate às notícias falsas se tornou prioridade para as democracias ocidentais, devido ao peso que elas tiveram para a eleição de Trump.
Nos últimos meses, o Facebook adotou diversas medidas. Elas vão desde ações de "alfabetização de mídia", com esclarecimento sobre como funciona a produção da informação, até o destaque dado nas próprias páginas à checagem de notícias.
Na medida de maior significado, há três semanas a rede social anunciou ter descoberto 30 mil perfis falsos na França a partir de mudanças em seu algoritmo, para perceber e derrubar "atividades suspeitas". Tudo indicava uma derrota do "fake news", até aparecer o #MacronLeaks.
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