Conduta de Trump em conversa com russos foi 'apropriada', diz assessor
Shcherbak Alexander/Xinhua | ||
Trump e o embaixador russo Sergei Kislyak em encontro na Casa Branca no último dia 10 |
O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, H. R. McMaster, disse, nesta terça-feira (16), que o presidente Donald Trump não comprometeu "de forma alguma" qualquer fonte ou método de inteligência durante sua conversa com o chanceler russo, Sergei Lavrov, na última semana.
Em 11 minutos de entrevista a jornalistas, McMaster repetiu dez vezes que a conduta de Trump foi "apropriada" ou "totalmente apropriada", mas se negou a confirmar se o presidente, de fato, revelou informação confidencial a Lavrov e ao embaixador russo, Sergey Kislyak.
Segundo reportagem do "Washington Post" publicada na segunda (15), o presidente teria repassado a eles detalhes altamente confidenciais sobre uma potencial ameaça da milícia terrorista Estado Islâmico (EI), sem a permissão do parceiro americano que entregou os EUA, por meio de um acordo, os dados de inteligência.
McMaster respondeu que "não discute o que é e o que não é confidencial" ao ser questionado especificamente se a revelação dos dados secretos ocorreu no Salão Oval da Casa Branca.
"O que eu digo é que, no contexto daquela discussão, o que o presidente discutiu com o chanceler foi totalmente apropriado para aquela conversa e é consistente com o compartilhamento rotineiro de informações entre o presidente e qualquer líder com o qual esteja comprometido", afirmou.
Diante da possibilidade de que a revelação feita por Trump comprometa a segurança de colaboradores de inteligência, McMaster disse que o presidente não sabia quem era a fonte da informação compartilhada com a Rússia. "O presidente nem sabia de onde essa informação veio. Ele não foi informado sobre a fonte ou o método que nos levaram a ela", declarou.
No entanto, McMaster sugeriu que Trump pode sim ter revelado aos russos a cidade, ocupada pelo EI, de onde partiram as informações de inteligência –uma das principais preocupações dos funcionários que vazaram a denúncia ao jornal.
"Todos vocês sabem o território que o EI controla. Se vocês tivessem que dizer de onde vocês acham que a ameaça veio, entre as cidades que o EI controla, vocês provavelmente seriam capazes de nomear algumas cidades", disse. "Então não é nada que vocês não saberiam."
Também nesta terça, durante pronunciamento coletivo com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, Trump foi questionado por jornalistas sobre o encontro com as autoridades russas, ao que ele respondeu: "Nós tivemos um encontro muito, muito exitoso com o chanceler da Rússia. Queremos o máximo possível de ajuda para combater o terrorismo".
Pouco antes, Trump havia dito que tem "direito absoluto" de compartilhar informações com a Rússia, sugerindo que pode ter realmente revelado dados confidenciais.
"Como presidente, eu quis compartilhar com a Rússia (em um encontro abertamente marcado na Casa Branca), o que eu tenho todo o direito de fazer, fatos relacionados a terrorismo e segurança em aviões. Razões humanitárias, além disso eu quero que a Rússia intensifique seu combate contra o EI e o terrorismo", afirmou o presidente.
Segundo o "Post", Trump informou a Lavrov e ao embaixador russo "detalhes de uma ameaça terrorista do EI relacionada ao uso de laptops em aviões".
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