Um dia após ataque, May propõe endurecer legislação antiterror
A primeira-ministra britânica, Theresa May, endureceu seu discurso neste domingo (4) ao dizer que "já basta", reagindo ao atentado que deixou 7 mortos e 48 feridos na véspera. A facção terrorista Estado Islâmico reivindicou o ataque em uma mensagem divulgada em seu canal oficial, mas não havia evidências de elo com a milícia até a conclusão desta edição.
A conservadora disse que existe "demasiada tolerância ao extremismo" e, a cinco dias das eleições gerais, sugeriu revisar a legislação vigente para o combate ao terror.
As penas de detenção podem ser aumentadas, e o governo pode implementar novas regulações à internet para frear a disseminação de ideologias radicais. "Não conseguiremos vencê-los apenas no campo militar", discursou May.
Três homens ainda não identificados atropelaram pedestres na ponte de Londres no sábado à noite e, vestindo coletes explosivos falsos, esfaquearam clientes no vizinho mercado de Borough.
A nacionalidade de dois dos sete mortos foi confirmada: um francês e uma canadense –esta, identificada pela família como Christine Archibald, que se mudou com o noivo para a Europa.
Os agressores foram mortos após embate com a polícia, elogiada durante o dia por ter reagido ao ataque em apenas oito minutos. As autoridades detiveram 12 pessoas na região de Barking, no leste de Londres.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Terrorismo no Reino Unido Sequência recente de mortes preocupa país |
May afirmou que não há indícios de uma relação direta entre o ataque de sábado e a explosão em Manchester, que deixou 22 mortos no dia 22 de maio, assim como eles não estariam relacionados ao atropelamento na ponte de Westminster, em março.
"O terrorismo alimenta o terrorismo, e os autores passam ao ato não com base em complôs cuidadosamente preparados, e sim porque são agressores que copiam uns aos outros utilizando os meios mais ordinários."
May recebeu o apoio do Conselho Muçulmano Britânico, cujo secretário-geral, Harun Rashid, condenou a o extremismo islamita como sendo um "culto da morte".
"O ataque de hoje nos enraivece a todos. Queremos fazer algo a respeito. É por isso que concordamos com a primeira-ministra. As coisas precisam mudar. Já basta."
As campanhas nacionais à eleição foram suspensas durante o dia, mas devem ser retomadas nesta segunda (5).
HERÓIS
Circulavam à tarde diversas histórias de heroísmo, tanto de policiais quanto de civis, como um cozinheiro romeno que abrigou 20 pessoas durante a ação. Restaurantes indianos ofereceram comida de graça a quem não conseguisse voltar para casa.
Alguns dos clientes do mercado de Borough fizeram uma barricada dentro de um pub, arremessando mesas contra os agressores e chamando-lhes de "covardes".
Outras duas histórias fizeram sucesso durante o dia: o homem que voltou a um restaurante árabe para pagar a conta, deixada em aberto no ataque, e outro cliente que foi fotografado correndo segurando um copo de cerveja –este foi aclamado como símbolo do espírito londrino.
TRUMP
O presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu ao ataque pedindo que o mundo deixe de ser "politicamente correto" no combate ao terrorismo. Ele criticou o prefeito de Londres, Sadiq Khan, que dissera não ver razão para pânico diante da presença de policiais armados. "Ao menos sete mortos e 48 feridos em um ataque e o prefeito de Londres diz que não há razões para alarme", escreveu. Um porta-voz de Khan disse que "ele tem coisas mais importantes do que responder a Trump".
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