Sob pressão, Trump diz que não sabia de encontro do seu filho com russos

DE SÃO PAULO

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não sabia sobre os contatos de seu filho com pessoas supostamente ligadas ao governo da Rússia na campanha eleitoral do ano passado.

Questionado pela agência de notícias Reuters, ele disse que ficou sabendo do caso nos últimos dias, após as denúncias publicadas na mídia. Ele disse ainda que não responsabiliza Trump Jr. "Acho que muitas pessoas teriam ido a aquele encontro."

A declaração foi feita em meio a forte pressão política sobre seu governo por causa do escândalo. Mesmo entre membros do Partido Republicano, base do presidente Donald Trump, há vozes que começam a se levantar contra ele, segundo analistas.

De acordo com o site americano "Axios", Trump enfrenta virtualmente todas as forças políticas, mesmo aquelas que inicialmente lhe davam o benefício da dúvida no caso da busca por informações comprometedoras sobre a democrata Hillary Clinton.

O caso gerou uma reviravolta na pressão de grupos de interesse em Washington. Empresários, líderes internacionais e até mesmo políticos republicanos estão se voltando contra Trump. "A maioria dos republicanos em cargos eletivos preferiria ter [o vice presidente Mike] Pence como presidente. Quando a pressão aumentar, eles podem não proteger Trump", diz.

Alguns nomes importantes do partido caracterizaram o comportamento do filho de Trump como um caso "muito sério", segundo reportagem do site "Politico".

O senador Lindsey Graham, por exemplo, disse que os e-mails revelados eram "perturbadores", enquanto o deputado Lee Zeldin indicou achar que o escândalo ultrapassou os limites aceitáveis.

Apesar da crescente pressão nos bastidores, em público a maioria dos republicanos ainda encara o escândalo com silêncio quase total, segundo análise do site de estatísticas "Fivethirtyeight".

"Os republicanos parecem não ter abandonado Trump ainda", diz o texto.

Os colegas de partido do presidente evitaram declarações públicas e, mesmo em caso de entrevistas, se esquivaram de criticar Trump, preferindo fazer comentários cuidadosos em defesa de investigações sobre a influência da Rússia nas eleições.

Enquanto cresce a pressão sobre o presidente, alguns membros do partido se organizam para defender Trump e atacar a mídia, responsável por revelar o encontro do filho do presidente com emissários russos, segundo o jornal "The Washington Post".

CAÇA ÀS BRUXAS

Pivô do escândalo, Trump Jr. disse na terça (11) à noite que "olhando para trás, provavelmente teria feito as coisas de outro modo" ao manter contato com pessoas da Rússia na campanha.

Em entrevista à emissora Fox News, Ele reiterou a versão de que a reunião com a advogada russa Natalia Veselnitskaia em junho de 2016 para tratar de informações sobre Hillary não resultou em "nada" e que, por isso, não informou seu pai sobre o conteúdo do encontro.

"Isso aconteceu antes da febre sobre a Rússia", afirmou Trump Jr., acrescentando que as acusações de conluio com o Kremlin são "ridículas". "Eu acho que não fiquei alarmado na hora porque não isso era a questão que virou nos últimos nove, dez meses (...) Em retrospectiva, hoje eu sei mais."

Nesta quarta (12), Donald Trump elogiou o desempenho de seu filho na entrevista. "Ele foi franco, transparente e inocente. Esta é a maior caça às bruxas da história política. Triste!"

Na entrevista concedida à Reuters, Trump disse ainda que perguntou ao presidente russo, Vladimir Putin, se ele interferiu na eleição americana. "Ele disse que não."

Mais cedo, em outra entrevista, Trump afirmou que se dá "muito, muito bem" com Putin, mas que o russo teria sido mais feliz com a vitória de Hillary na eleição de 2016.

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