O ex-presidente peruano Ollanta Humala (2011-2016), 55, e a ex-primeira-dama Nadine Heredia, 41, foram transferidos na tarde desta sexta-feira (14), de helicóptero, até os centros de detenção onde cumprirão os 18 meses de prisão preventiva, acusados de lavagem de dinheiro após terem recebido caixa 2 da construtora brasileira Odebrecht para financiamento de campanha eleitoral.
Após passarem a noite na prisão do tribunal em que foram condenados, no centro de Lima, ambos rumaram para destinos diferentes: Humala foi para a prisão de Barbadillo, em Ate, um distrito de Lima, mesmo local onde cumpre pena de 25 anos outro ex-presidente, Alberto Fujimori (1990-2000).
Enquanto isso, sua mulher, Nadine Heredia, foi levada à cadeia feminina de Santa Mônica, também na capital peruana. Os dois não saíram algemados e aparentavam tranquilidade.
A sentença do juiz Richard Concepción Carhuancho foi anunciada no fim da noite de quinta (13), após serem acolhidas novas evidências entregues por parte da Procuradoria, que alega que a abertura de contas no exterior poderia significar que o casal tinha planos de deixar o país.
Assim, Humala é o segundo ex-presidente peruano a ter uma prisão preventiva decretada. O primeiro é Alejandro Toledo (2001-2006), 71, que está foragido nos EUA.
REPERCUSSÃO
O atual presidente, Pedro Pablo Kuczynski, que na manhã desta sexta (14) foi a um ato relacionado à promoção dos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, disse que não opinaria sobre o conteúdo as investigações.
Durante o governo de Toledo, PPK foi ministro da Economia e primeiro-ministro do país. "Trata-se certamente de uma decisão histórica, mas é muito triste isso tudo que está ocorrendo e um dia trágico para a família de Ollanta e Nadine. Eu espero que o processo de ambos transcorra de maneira rápida e transparente", disse aos jornalistas.
Um dos líderes da oposição, o deputado Kenji Fujimori, filho do ex-presidente Alberto Fujimori, divulgou nas redes sociais uma mensagem de apoio aos filhos do ex-presidente, Nayra, Samin e Illariy.
"Devemos proteger e cuidar dos filhos de Ollanta Humala e Nadine Heredia, eu senti na própria pele momentos como este e são muito difíceis, muita força."
Outro ex-presidente implicado no período abarcado pelas delações da Odebrecht —que declarou ao Departamento de Justiça dos EUA ter pagado mais de US$ 20 milhões em propinas e caixa 2 no Peru— é Alan García, que comentou pelas redes sociais a transferência de Humala e Nadine à prisão.
"Ainda que tenham usado seu poder para me destruir, lamento, pela pátria e por seus filhos, o espetáculo".
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