Trump encerra apoio dos EUA a rebeldes anti-Assad na Síria, diz jornal
O governo do presidente Donald Trump decidiu encerrar o programa da CIA (agência de inteligência americana) de apoio a grupos armados que lutam na Síria para derrubar o ditador Bashar al-Assad, informou o jornal "Washington Post" nesta quarta-feira (19) citando fontes anônimas.
Se confirmada, a decisão representará uma importante mudança de estratégia na política dos Estados Unidos para a guerra civil na Síria e deverá aumentar a correlação de forças no conflito em favor do regime de Assad e da Rússia, seu principal aliado.
A mudança não afetará o apoio do Pentágono às milícias curdas e árabes que combatem a organização terrorista Estado Islâmico (EI) no país. No geral, esses grupos não confrontam diretamente as forças do regime sírio.
A mudança ocorre menos de duas semanas após Trump encontrar-se pela primeira vez com o presidente russo, Vladimir Putin, na cúpula do G20 em Hamburgo. Após o encontro, EUA e Rússia anunciaram um cessar-fogo em partes da Síria.
Desde 2013, durante a administração Barack Obama, a CIA vinha treinando e armando secretamente os rebeldes da chamada oposição moderada síria, dentre os quais o Exército Livre da Síria, que buscam derrubar Assad e que não têm orientação fundamentalista islâmica.
Além dos Estados Unidos, apoiam diferentes grupos da oposição síria os governos de Arábia Saudita, Qatar e Turquia. Especialistas acusam esses países de financiar extremistas.
Na prática, o governo Obama reduziu gradualmente o apoio aos rebeldes sírios após a ascensão do EI, em junho de 2014, e depois que a Rússia decidiu iniciar uma campanha de bombardeios na Síria, em setembro de 2015, revertendo as perdas territoriais do regime de Assad.
Durante a campanha eleitoral, Trump criticou diversas vezes a política de Obama para a Síria e, em determinada ocasião, chegou a dizer que retirar Assad do poder não deveria ser uma prioridade devido ao risco de "alguém pior" entrar em seu lugar.
Desde o início do governo Trump, porém, a política americana para o conflito foi marcada por idas e vindas. No início de abril, após um ataque químico atribuído ao regime de Assad matar mais de 80 civis, o republicano ordenou ataques de míssil contra uma base aérea síria. Além disso, funcionários de alto escalão de seu governo mudaram o discurso oficial e passaram a defender a queda de Assad.
Agora, o fim do apoio americano aos rebeldes parece confirmar o discurso de campanha de Trump, deixando a oposição síria sem um de seus maiores apoiadores e dando vantagem à Rússia no conflito.
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