É um erro não votar, diz mulher de líder opositor preso na Venezuela
Ricardo Mazalan - 29.ago.2017/Associated Press | ||
Grávida, a mulher de Leopoldo López, Lilian Tintori, olha para a barriga antes de entrevista em agosto |
Grávida de seis meses e com o marido, Leopoldo López, em prisão domiciliar, Lilian Tintori, 39, fez campanha nos últimos dias para que os venezuelanos não se abstenham de votar. Também apareceu com outros parentes de presos políticos pedindo que o governo lhes dê direito ao voto. Concedeu entrevista à Folha ao final de um desses encontros.
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Folha - Há representantes da oposição defendendo que não se vote neste domingo (15), porque seria entrar no jogo de um governo ditatorial. O que pensa a esse respeito?
Lilian Tintori - É um erro não participar.
Sim, a Venezuela vive uma ditadura, não há Estado de Direito, não há autonomia da Justiça, as decisões vêm todas de cima. Mas não podemos abandonar os poucos espaços que ainda podemos ocupar, porque nós somos maioria e, em qualquer eleição justa, ganharíamos.
Precisamos insistir, ainda que isso signifique, por enquanto, enfrentar eleições fraudulentas.
As pessoas da oposição que chamam pela abstenção estão golpeando a nossa unidade, que é o que temos de mais forte, que representa nosso desejo de mudança como sociedade.
O objetivo do governo é nos cansar, e nós não podemos demonstrar que estamos nos cansando.
E como você vê o desenlace dessa crise?
Segundo a lei, deve haver eleições presidenciais no ano que vem. Basta que elas sejam justas, que os presos políticos sejam liberados e possam votar também, que este governo será derrotado. Os números do referendo da oposição realizado neste ano já mostraram isso.
Como receberam as declarações do presidente dos EUA, que sugeriu que uma das saídas poderia ser uma intervenção?
Nós não acreditamos nem em golpes militares nem em intervenções estrangeiras. Trump pode ter essa opinião como mandatário, está em seu direito, mas creio que seria mais eficiente se ele pressionasse Nicolás Maduro diretamente, como vem fazendo também, e não penalizasse a população venezuelana.
Você considera que sua campanha internacional pela libertação de Leopoldo tem sido eficiente?
Sim. Quando Leopoldo foi preso, percebi que aqui eu não iria encontrar justiça, então comecei a percorrer o mundo. E naquela época, na América Latina, todos estavam com Maduro. Não me atenderam no Brasil, no Chile, na Colômbia, no Peru, na Argentina.
Com disciplina e insistência, fomos virando opiniões. Hoje todos, Temer, Santos, Bachelet, Macri tomaram nossa bandeira.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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