Premiê de Portugal sobrevive a voto de desconfiança após incêndios
Pedro Nunes/Reuters | ||
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, na sessão do voto de desconfiança nesta terça-feira |
O governo de Portugal sobreviveu nesta terça-feira (24) ao voto de desconfiança convocado pela oposição, que acusou o primeiro-ministro, António Costa, de ter falhado em proteger as vidas das 110 pessoas que morreram nos grandes incêndios florestais que atingiram o país em 2017.
As chamas destruíram zonas rurais da região central em junho e deixaram 65 mortos. No início deste mês, outras 45 morreram em uma nova série de incêndios que atingiu o norte português.
A moção de repúdio ao chefe de governo foi apresentada pelo Partido Popular (CDS-PP, centro-direita), que fez parte da coalizão que antecedeu o socialista Costa. No entanto, o pedido foi rejeitado por 122 votos a 105, com partidos de extrema esquerda apoiando os governistas.
Os incêndios foram o maior desafio enfrentado por Costa desde que tomou posse, em 2015. As duas tragédias evidenciaram a divisão entre os pobres do interior português e as zonas urbanas.
"O governo fracassou porque seus líderes políticos não sabem como coordenar ou executar uma política capaz de parar os incêndios. Milhares de portugueses esperavam uma ajuda que nunca veio", disse a líder do CDS-PP, Assunção Cristas.
Cristas também exigiu de Costa um programa de prevenção. Como argumento para amplitude da destruição, o governo afirma que as condições climáticas, com ventos mais fortes que o normal e uma estiagem atípica, tornaram mais difícil o combate às chamas.
Alvo de críticas, protestos e pedidos para que o presidente Marcelo Rebelo de Sousa para interferir na crise, o governo anunciou no sábado (21) medidas preventivas.
"Estamos aqui porque o sofrimento das vítimas e de suas famílias e a sensação de insegurança sentida pelos portugueses precisam ter uma resposta", disse Costa.
Embora Costa tenha obtido o apoio da esquerda, seus líderes usaram seus discursos para acusar o CDS-PP de se aproveitar da tragédia. Por outro lado, exigiram do Executivo apresentar medidas de prevenção aos incêndios.
Um relatório divulgado em junho mostrou uma série de erros cometidos pelas autoridades, como a demora da polícia, dos bombeiros e da Defesa Civil em atender os pedidos de socorro da população.
Nos últimos anos, moradores do interior exigem do governo mudanças no sistema de emergências para evitar a destruição em áreas agrícolas e de extração de madeira.
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