União Europeia dá prêmio à oposição venezuelana por luta pela democracia

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A oposição ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu nesta quinta-feira (26) o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, principal honraria de direitos humanos da União Europeia, pela "luta pela democracia" no país caribenho.

O prêmio é anunciado em meio ao aumento da pressão do bloco, dos EUA e de outros países das Américas contra o regime, mas também diante de um racha da coalizão oposicionista Mesa da Unidade Democrática (MUD) após a eleição para governador de 15 de outubro.

O Parlamento Europeu definiu como "oposição democrática na Venezuela" a Assembleia Nacional, dominada pelos adversários de Maduro e que teve os poderes anulados pela Assembleia Constituinte, e os oposicionistas presos pelo regime.

Nominalmente, citam o presidente do Legislativo, Julio Borges, e presos como os dirigentes Leopoldo López e Antonio Ledezma, o ex-prefeito Daniel Ceballos e o líder estudantil Yon Goicoechea.

"Este prêmio não representa só um reconhecimento à valente resistência da oposição democrática. Hoje este Parlamento quer manifestar sua proximidade e homenagear todo o povo venezuelano", disse o presidente da Casa, Antonio Tajani.

Na cerimônia, o Parlamento Europeu pediu uma transição pacífica para a democracia no país e a abertura das fronteiras à ajuda humanitária internacional.

A honraria será entregue em 13 de dezembro na sede do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, na França. Em um canal oficial, Julio Borges disse ser uma honra receber o prêmio. "É um reconhecimento à comunidade internacional ao nosso povo".

Eles concorriam com a guatemalteca Aura Lolita Chávez Ixcaquic, ativista pelos direitos da mulher e ambientalista, e o jornalista Dawit Isaak, preso da ditadura da Eritreia desde 2001.

A candidatura foi colocada pelo Partido Popular Europeu, cujo braço espanhol é chefiado pelo primeiro-ministro Mariano Rajoy —principal defensor de sanções da UE ao regime de Maduro.

"São um grupo de homens e mulheres valorosos que não têm medo, que não se rendem, que são hostilizados, golpeados, presos ou têm seus direitos políticos cassados e lutam por sua liberdade e sua dignidade".

A coalizão de esquerda GUE/NGL disse que vai boicotar a cerimônia, que afirma ter motivação política. A frente é integrada por partidos como o França Insubmissa e o espanhol Podemos que, no passado, apoiaram Hugo Chávez (1954-2013).

Em resposta, o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, disse que caiu a máscara do Parlamento Europeu "ao apoiar uma oposição violenta e promover ilegalmente a mudança de regime".

"Paradoxos: ações violentas da oposição venezuelana são premiadas na 'Europa civilizada'", declarou em uma rede social, colocando junto à mensagem fotos e montagens falsas dos protestos.

Prestigiado, o prêmio homenageia o físico e dissidente soviético Andrei Sakharov (1921-89). O primeiro ganhador, em 1988, foi Nelson Mandela , então preso pelo regime do Apartheid (1948-1994).

Na América Latina, a honraria foi concedida às Mães da Praça de Maio, ao grupo cubano Damas de Branco e a Guillermo Fariñas e Oswaldo Payá , dissidentes de Havana.

A oposição é premiada na semana em que a MUD se dividiu após quatro de seus cinco governadores eleitos tomarem posse na Constituinte. Dirigentes como Henrique Capriles ameaçam sair da frente se o Ação Democrática (centro), partido dos governadores, não for expulso.

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