Primeiro-ministro libanês confirma que regressará a Beirute na quarta
Bertrand Guay/AFP | ||
O presidente francês Emmanuel Macron (à dir.) recebe o primeiro-ministro libanês Saad Hariri |
O primeiro-ministro libanês demissionário, Saad Hariri, confirmou neste sábado (18), em Paris, que voltará a Beirute para a festa nacional do país, em 22 de novembro, e falará sobre sua situação política.
"Voltarei a Beirute nos próximos dias", declarou Hariri depois de se reunir com o presidente francês Emmanuel Macron.
"Participarei das celebrações de nossa independência e darei a conhecer minha posição sobre todos os temas", acrescentou.
Agradeceu pelo apoio da França e seu presidente. "A França demonstrou mais uma vez a grandeza de seu papel no mundo e na região. Prova de seu afeto pelo Líbano e sua estabilidade", acrescentou.
Macron recebeu Hariri no palácio presidencial do Eliseu para uma reunião seguida de um almoço.
Hariri foi recebido com as honras de um primeiro-ministro poucas horas depois de sua chegada à França procedente de Riad, onde em 4 de novembro anunciou sua demissão.
Macron saudou Hariri, de 47 anos, e os dois posaram sorridentes para os fotógrafos presentes.
A esposa de Hariri, Lara, e seu filho mais velho se reuniram com eles para um almoço com Macron e com a primeira-dama francesa Brigitte, segundo a imprensa.
Antes de receber Hariri, Macron falou por telefone com o presidente libanês Michel Aun, que "agradeceu pela ação da França em favor do Líbano", segundo afirmou o Eliseu.
Após o encontro, a presidência francesa reforçou sua vontade de "contribuir para acalmar as tensões na região".
O presidente Macron "continuará tomando todas as iniciativas necessárias para a estabilidade do Líbano", afirmou o Eliseu.
Paris planeja reunir o grupo internacional de apoio ao Líbano "em função da evolução da situação", acrescentou a presidência, informando que ainda não há definição de data.
Mais tarde, o Eliseu informou que Macron conversou por telefone sobre "a situação no Oriente Médio" com seus homólogos americano e egípcio, Donald Trump e Abdel Fateh Al Sissi, com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, e com o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres.
O presidente libanês, Michel Aun, também confirmou que Saad Hariri "estará em Beirute em 22 de novembro, dia da festa nacional".
A França, ex-potência mandatária do Líbano, convidou Hariri e sua família para passar alguns dias em Paris e assim resolver a situação criada por sua demissão.
Antes de abandonar Riad, Hariri conversou com o homem forte do reino saudita, o príncipe herdeiro Mohamed bin Salmán, segundo confirmou uma fonte ligada a Hariri.
Desde o anúncio de sua renúncia, a permanência de Hariri na Arábia Saudita e o fato de não regressar ao Líbano para formalizar a demissão ao presidente da República provocaram diversas especulações.
Aun chegou a dizer que Hariri era "refém" em Riad.
Em meio à polêmica, a Arábia Saudita chamou para consultas seu embaixador em Berlim para protestar contra declarações do ministro alemão das Relações Exteriores, Sigmar Gabriel, que também sugeriu a permanência de Hariri no país contra sua vontade.
O presidente libanês foi eleito em 2016 graças ao apoio do Hezbollah xiita, rival de Hariri.
Sua eleição abriu o caminho para que Hariri fosse nomeado primeiro-ministro novamente (tinha sido a primeira vez de novembro de 2009 a junho de 2011) e formasse um governo de coalizão com o Hezbollah e outras partes libanesas.
Dois meses depois, o governo foi estabelecido graças a um compromisso.
Saad Hariri, um protegido de Riad, justificou sua renúncia pelos desmandos do Irã e do Hezbollah em seu país.
A renúncia de Hariri foi interpretada como uma nova disputa entre a Arábia Saudita sunita e o Irã xiita. As duas potências do Oriente Médio já se enfrentam em outros assuntos regionais, como nas guerras no Iêmen e na Síria.
A crise também coincidiu com uma ofensiva contra a corrupção que levou à prisão vários príncipes, ministros e magnatas sauditas, uma purga sem precedentes no reino.
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