Venezuela prende presidente de filial americana da petroleira PDVSA
Autoridades da Venezuela prenderam nesta terça-feira (21) em Caracas o presidente interino da Citgo —a filial da petroleira PDVSA nos Estados Unidos— por suposta corrupção. Além de José Pereira, também foram detidos cinco vice-presidentes da subsidiária da estatal venezuelana.
O procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, afirmou que os diretores presos assinaram em julho um acordo milionário para refinanciar a dívida da Citgo em condições desfavoráveis à Venezuela e que comprometia a refinaria americana ao colocá-la como garantia.
Marco Bello - 12.jan.2017/Reuters | ||
Posto de combustível da PDVSA, estatal de petróleo da Venezuela, em Caracas |
"Eles agiram com total sigilo, sem sequer coordenar com as autoridades competentes", disse Saab. "Isso é corrupção, corrupção do mais podre calão." Os executivos serão indiciados nas próximas horas por peculato, apropriação de capitais e associação criminosa.
Saab, que assumiu a Procuradoria-Geral em agosto, se comprometeu a comandar uma "cruzada" contra a corrupção.
Aliado do ditador Nicolás Maduro, o procurador-geral afirmou que deseja se concentrar na indústria petroleira, fonte de mais de 90% das receitas de exportação da Venezuela.
No fim de outubro, um alto executivo da PDVSA e dezenas de funcionários foram presos por suspeitas de irregularidades.
A oposição, porém, afirma que as recentes investigações não demonstram uma intenção genuína do regime Maduro de erradicar a corrupção, mas sim de conduzir um expurgo interno na administração da PDVSA.
Dona das maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela enfrenta grave crise econômica, acentuada pela queda nos preços do barril de petróleo e má administração da estatal.
CALOTE
Na semana passada, o governo venezuelano e a estatal petroleira foram declarados em calote seletivo pelas agências de risco, o último estágio antes do calote completo.
Hoje a Venezuela acumula uma dívida externa que se avalia estar entre US$ 120 bilhões e US$ 150 bilhões.
Até o final de 2017, a Venezuela precisa pagar em juros e parcelas de sua dívida algo próximo a US$ 1,5 bilhão e, no próximo ano, precisaria desembolsar outros US$ 8 bilhões a vencer.
Com sua produção de petróleo caindo ano a ano —em 2017 o país registrou a menor produção das últimas três décadas— e o preço do produto no mercado internacional bem abaixo do que nos anos de bonança, dificilmente a Venezuela conseguiria cumprir com seus compromissos sem ajuda externa.
JOINT VENTURES
Em meio à crise do calote parcial, a PDVSA vem subtraindo petróleo de suas rentáveis joint ventures com empresas estrangeiras para alimentar suas refinarias venezuelanas, afirmaram à Reuters duas fontes próximas ao tema.
As joint ventures exportam petróleo para compradores ao redor do mundo e o desvio reduz a principal fonte de renda do governo. Uma provável razão para a mudança seria uma forma de lidar com a oferta intermitente de combustíveis devido às condições precárias de suas refinarias, que em alguns casos estão operando com um terço da capacidade.
A PDVSA pediu que a Petropiar —sua joint venture com a americana Chevron— entregue até 45% do petróleo que planejava exportar em novembro sem nenhum reembolso imediato. A PDVSA não respondeu aos pedidos de comentários da reportagem da Reuters. A Chevron não quis se manifestar.
A estatal venezuelana também retirou neste ano petróleo para suas refinarias domésticas de seu projeto Petrocedeno com a francesa Total e a norueguesa Statoil. Procuradas, as duas sócias não quiseram comentar.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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