DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Ao menos nove pessoas morreram e ao menos cem foram presas em mais uma noite de manifestações no Irã, informou a TV estatal local na manhã desta terça (2).

O país vive uma onda de protestos violentos contra o governo de Hasan Rowhani desde a última quinta (28). O total de mortos é de 21, segundo estimativas oficiais.

Segundo a TV estatal, seis manifestantes foram mortos quando tentavam invadir uma delegacia para roubar armas na cidade de Qahdarijan.

Em Khomeinishahr, um jovem de 20 anos e uma criança de 11 foram vítimas das forças policiais. Não se sabe quem são as outras vítimas.

Também nesta segunda um membro da Guarda Revolucionária morreu em Najafabad, a primeira baixa entre as forças de segurança do país.

Todas as cidades ficam na província de Isfahan, a cerca de 350 km ao sul da capital Teerã.

Ao todo, mais de 300 pessoas foram presas nesta que é a maior onda de manifestações no Irã desde 2009, quando milhões protestaram contra a reeleição do então presidente Mahmoud Ahmadinejad.

O governo do Irã tinha advertido no domingo (31) que os manifestantes iriam "pagar o preço" pelos protestos. No mesmo dia, cortou o acesso de redes sociais, como Telegram e Instagram, no país

REVOLTA

Desta vez, as manifestações foram motivados pelas altas taxas de desemprego e inflação, além da corrupção.

Os protestos -que não têm liderança clara - começaram em Mashhad (nordeste), reduto conservador, incentivados por religiosos contrários ao moderado Rowhani.

Nos dias seguintes, eles se estenderam a outras cidades, inclusive a capital, Teerã, e os manifestantes se voltaram também contra o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, erguendo faixas com dizeres "Morte ao ditador!" e "Abaixo à República Islâmica".

Fora do país, o levante tem sido estimulado por líderes contrários a Teerã, como o presidente americano, Donald Trump, e o premiê israelense, Binyamin Netanyahu.

INIMIGOS

O aiatolá Ali Khamenei se pronunciou pela primeira vez sobre os protestos nesta terça-feira (2).

Em uma nota publicada em seu site oficial, o líder supremo responsabilizou os "inimigos da República Islâmica" por toda a agitação pela qual passa o Irã desde a semana passada.

"Nos últimos dias, os inimigos do Irã usaram diferentes ferramentas, incluindo o emprego de dinheiro, armas, política e inteligência para criar problemas para a República Islâmica", disse Ali Khamenei.

Ele também anunciou que falará à nação sobre os recentes eventos "quando chegar a hora certa".

REAÇÕES

Pouco depois de divulgada a declaração de Khamenei, o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a falar sobre o Irã no Twiiter.

"O povo do Irã está finalmente agindo contra o regime iraniano brutal e corrupto. Todo o dinheiro que o presidente [Barack] Obama tão insensivelmente lhes deu entrou no terrorismo e em seus 'bolsos'. As pessoas têm pouca comida, inflação alta e sem direitos humanos. Os EUA estão assistindo!", escreveu Trump.

Trump já tinha se manifestado sobre o Irã no domingo (31), quando disse que o Irã viola os direitos humanos.

Assim como no domingo, quando disse que "o povo iraniano não dá crédito às observações enganosas e oportunistas de funcionários dos EUA ou do sr. Trump", o porta-voz do Ministério do Exterior do Irã, Bahram Ghassemi, reagiu novamente às declarações do presidente dos EUA.

"Em vez de perder tempo enviando tuítes inúteis e insultantes contra outros povo, [Trump] deveria se ocupar dos problemas internos de seu país, em especial o assassinato diário de dezenas de pessoas e os milhões de famintos e sem-teto", declarou Ghassemi.

Quem também se manifestou foi a França.

Preocupado com o número de vítimas e de prisões no Irã, o Ministério das Relações Exteriores francês não confirmou se será mantida a visita que o ministro Jean-Yves Le Drian faria nesta semana a Teerã. "O direito de protesto é um direito fundamental", informou um porta-voz.

PETRÓLEO

Autoridades do Irã se esforçaram nesta terça-feira para dizer que a produção e as exportações de petróleo no país não foram afetadas pelas manifestações.

O Irã é o terceiro maior produtor de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e produz cerca de 3,8 milhões de barris por dia.

Fontes que pediram anonimato às agências de notícias informaram que, por enquanto, os protestam se concentram nas ruas.

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